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Curso_de_direito_do_trabalho(2)

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“dirigismo contratual”.<br />

Amauri Mascaro Nascimento o conceitua como uma “política jurídica <strong>de</strong>stinada a restringir a<br />

autonomia negocial na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> contrato” 171. Destaca o autor que a <strong>de</strong>cadência da<br />

autonomia <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e o dirigismo contratual são peculiares a mais <strong>de</strong> um ramo <strong>do</strong> <strong>direito</strong>, embora<br />

na gênese <strong>do</strong> <strong>direito</strong> <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> já estivesse presente, o que não ocorreu nos <strong>de</strong>mais setores on<strong>de</strong><br />

hoje aparece 172.<br />

Estes <strong>de</strong>staques se fazem necessários para se perceber que a interferência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, tutelan<strong>do</strong> a<br />

manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, sempre que em seu prejuízo (art. 468 da CLT), não é uma<br />

característica isolada <strong>do</strong> <strong>direito</strong> <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>. É certo que em outros ramos <strong>do</strong> <strong>direito</strong> as razões que<br />

impõem o dirigismo contratual não são diferentes das que se observam no <strong>direito</strong> <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>: tutelar<br />

o sujeito <strong>do</strong> contrato quan<strong>do</strong> sua situação <strong>de</strong> hipossuficiência jurídica não permitir sua livre<br />

manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, como ocorre, por exemplo, nos contratos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são em relações <strong>de</strong><br />

consumo.<br />

A manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada livre, na esfera trabalhista, quan<strong>do</strong> o<br />

emprega<strong>do</strong> estiver em condições <strong>de</strong> exprimir, ausente <strong>de</strong> me<strong>do</strong>s, coações ou pressões <strong>de</strong> seu<br />

emprega<strong>do</strong>r, suas verda<strong>de</strong>iras intenções quanto ao conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>; isto só será<br />

possível com a intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, legislan<strong>do</strong> e tutelan<strong>do</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong> esta<br />

manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> quanto a <strong>direito</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mínimos para a garantia da dignida<strong>de</strong><br />

humana <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r (saú<strong>de</strong>, segurança, salário mínimo etc.).<br />

3. Características <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

3.1. Consensualida<strong>de</strong><br />

O contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> ajuste <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s entre emprega<strong>do</strong> e emprega<strong>do</strong>r, inevitável,<br />

assim, sua <strong>de</strong>finição como um negócio jurídico consensual. A manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> livre e<br />

consciente, como elemento essencial <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, permite esta conclusão.<br />

A existência <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, que a<strong>de</strong>rem automaticamente ao contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>,<br />

limitan<strong>do</strong> a manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong> e emprega<strong>do</strong>r, não <strong>de</strong>scaracteriza sua<br />

consensualida<strong>de</strong>. A imperativida<strong>de</strong> das normas que garantem o mínimo necessário para a manutenção<br />

da dignida<strong>de</strong> humana <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, impostas pelo Esta<strong>do</strong>, por meio da lei, é da própria ín<strong>do</strong>le <strong>do</strong><br />

<strong>direito</strong> <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>. São exemplos <strong>de</strong>stas normas as que impõem o salário mínimo, as que preservam<br />

as condições <strong>de</strong> segurança no <strong>trabalho</strong> e as que impe<strong>de</strong>m a negociação quanto aos intervalos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scanso.

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