07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

11.4.3. Redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> aula<br />

A assunção <strong>do</strong>s riscos <strong>do</strong> empreendimento é um <strong>do</strong>s principais traços distintivos da relação <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong> autônomo se comparada ao <strong>trabalho</strong> subordina<strong>do</strong>. O emprega<strong>do</strong>r assume os riscos <strong>do</strong><br />

negócio, colhen<strong>do</strong> os lucros e divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s pelo sucesso <strong>de</strong> sua empreitada e, em contrapartida,<br />

sofrerá os prejuízos inerentes aos riscos que assumiu.<br />

A jurisprudência <strong>do</strong> TST, contu<strong>do</strong>, inverten<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong> <strong>direito</strong> <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, passou a admitir<br />

como lícita alteração contratual que consista na redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> horas-aula expressamente<br />

pactuadas com o emprega<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja uma redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos referentes aos cursos<br />

em que o professor ministra suas aulas (OJ 244 da SBDI1 <strong>do</strong> TST). Também é este o entendimento<br />

consagra<strong>do</strong> no PN 78 da SDC <strong>do</strong> TST.<br />

O teor da OJ citada, na verda<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ra até mesmo que não houve alteração contratual, pois não<br />

ocorreu mudança <strong>do</strong> valor da hora-aula.<br />

O professor não é chama<strong>do</strong> a interferir na condução <strong>do</strong>s negócios <strong>de</strong> seu emprega<strong>do</strong>r, não<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> lhe ser transferida a responsabilida<strong>de</strong> pelo sucesso ou fracasso <strong>de</strong> suas escolhas, mas o TST<br />

impõe ao professor uma redução salarial como se o <strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong>corresse <strong>de</strong><br />

suas atitu<strong>de</strong>s. Fossem suas aulas a causa da evasão estudantil, prontamente o emprega<strong>do</strong>r promoveria<br />

sua dispensa, talvez até por justa causa. A posição <strong>do</strong> TST consolida uma enorme insegurança<br />

contratual, pois o professor, no curso <strong>do</strong> ano letivo, po<strong>de</strong> ter reduzida sua remuneração, bastan<strong>do</strong> que<br />

o emprega<strong>do</strong>r comprove a redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos.<br />

Francisco Antonio <strong>de</strong> Oliveira enten<strong>de</strong> que só há transferência <strong>do</strong> risco <strong>do</strong> empreendimento para o<br />

emprega<strong>do</strong>, se a redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> horas-aula ocorrer no mesmo ano letivo em que estabelecida<br />

a jornada <strong>do</strong> professor. A redução, no ano letivo seguinte, é peculiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino e aten<strong>de</strong><br />

igualmente ao interesse <strong>do</strong> professor que precisa a<strong>de</strong>quar sua carga horária aos diversos<br />

estabelecimentos em que ministra suas aulas 923.<br />

11.4.4. A controvérsia da hora-aula<br />

A legislação trabalhista é omissa quanto ao número <strong>de</strong> minutos <strong>de</strong> cada hora <strong>de</strong> aula, a <strong>do</strong>utrina<br />

costuma se referir à regulamentação <strong>do</strong> Ministério da Educação.<br />

Sergio Pinto Martins menciona a Portaria n. 204/1945 <strong>do</strong> Ministério da Educação e Cultura que<br />

limita em 50 minutos a hora-aula durante o dia e 40 minutos a hora-aula noturna, nos<br />

estabelecimentos <strong>de</strong> ensino médio e superior; nos <strong>de</strong>mais, menciona o autor, a hora-aula é <strong>de</strong> 60<br />

minutos. Martins também se baseia na Lei n. 4.024/1961 e nos Pareceres CFE <strong>de</strong> números 459/85 e<br />

28/92 para justificar a hora-aula <strong>de</strong> 50 minutos acima mencionada 924.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!