07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pagamento <strong>do</strong> salário.<br />

Alguns autores não fazem distinção entre comissões e percentagens, como é o caso <strong>de</strong><br />

Süssekind 283; outros, contu<strong>do</strong>, fazem clara diferenciação.<br />

O legisla<strong>do</strong>r não se utiliza <strong>de</strong> expressões inúteis. Não se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar como sinônimos os<br />

vocábulos “comissões” e “percentagens”. A<strong>de</strong>rimos à <strong>do</strong>utrina que prefere distinguir ambas as<br />

parcelas, como <strong>de</strong>monstramos a seguir.<br />

Sérgio Pinto Martins 284 explica que a comissão refere-se a um valor <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, como, por<br />

exemplo: R$ 5,00 por produto vendi<strong>do</strong>, já a percentagem inci<strong>de</strong> sobre as vendas em percentual, e não<br />

em valores (2% sobre as vendas, por exemplo). Mesma distinção é feita por Castellões, quan<strong>do</strong><br />

afirma que “a percentagem não se confun<strong>de</strong> com a comissão, eis que esta última po<strong>de</strong> ser avençada<br />

em bases não percentuais, mas em valor fixo por unida<strong>de</strong> ou quantida<strong>de</strong> vendida” 285.<br />

4.4. Gratificações ajustadas<br />

Em senti<strong>do</strong> próprio, gratificação é uma liberalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, paga ocasionalmente como<br />

bonificação ao emprega<strong>do</strong>. Esta não tem natureza salarial. O que torna a gratificação salário é seu<br />

ajuste, expresso, quan<strong>do</strong> prevista expressamente no contrato individual, acor<strong>do</strong> coletivo, convenção<br />

coletiva, sentença normativa, regulamento empresarial ou qualquer outra fonte normativa; e tácito,<br />

quan<strong>do</strong> a repetição no tempo torna obrigatório seu pagamento, integran<strong>do</strong>-a ao salário como<br />

complemento salarial.<br />

Como <strong>de</strong>staca Arnal<strong>do</strong> Süssekind, a dificulda<strong>de</strong> atinente à conceituação da gratificação como<br />

salário consiste na aferição, em cada caso, “da existência ou não <strong>de</strong> um contrato pelo qual a empresa<br />

obrigue-se a concedê-la em <strong>de</strong>terminadas épocas e condições. Se existe esta obrigação, a gratificação<br />

é salário; caso contrário, representará uma liberalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r” 286.<br />

Não existe um critério legal que preveja com qual periodicida<strong>de</strong> a gratificação, tacitamente<br />

ajustada, se tornará salário. A <strong>do</strong>utrina oferece <strong>do</strong>is critérios distintos para apuração <strong>de</strong>stas<br />

controvérsias: um <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le subjetiva, outro <strong>de</strong> caráter objetivo.<br />

Explica Süssekind que pelo critério subjetivo “cumpre aferir qual a intenção <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r no<br />

que tange às gratificações concedidas. Se elas são conferidas por ato arbitrário <strong>do</strong> patrão, com o<br />

característico <strong>de</strong> liberalida<strong>de</strong>, não será possível imprimir-lhe o caráter obrigacional contra a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quem as conce<strong>de</strong>” 287.<br />

Para o critério objetivo, prossegue Süssekind, “haverá ajuste tácito sempre que a conduta <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>r, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua intenção, transformar a gratificação numa remuneração<br />

adicional <strong>de</strong> caráter normal, com a qual passa a contar o emprega<strong>do</strong>. A habitualida<strong>de</strong>, a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!