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Curso_de_direito_do_trabalho(2)

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No que tange ao nosso interesse mais imediato, a retomada da vida nos centros urbanos foi o fator<br />

mais importante para a mo<strong>de</strong>rnização das formas <strong>de</strong> produção.<br />

Nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacaram-se os artesãos e os comerciantes, mais tar<strong>de</strong> chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> burgueses. Estas<br />

camadas sociais, para conquista <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s e liberda<strong>de</strong>s, formaram confrarias. Os comerciantes<br />

formaram as guildas, os artesãos, num segun<strong>do</strong> momento, criaram associações <strong>de</strong>nominadas<br />

“corporações <strong>de</strong> ofício” ou “corporações <strong>de</strong> artesãos” 22.<br />

Os artesãos mantinham assistentes, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s aprendizes, que se aproximavam daqueles para<br />

apren<strong>de</strong>r o ofício. Após ficar pronto para a execução <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, terminada sua formação, o<br />

aprendiz abria sua própria oficina ou, não ten<strong>do</strong> economia para tanto, continuava a trabalhar para seu<br />

mestre ou para outro mestre, mas <strong>de</strong>sta feita na condição <strong>de</strong> jornaleiro. Este último era um<br />

trabalha<strong>do</strong>r que recebia por dia <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, sen<strong>do</strong> sua remuneração consi<strong>de</strong>rada salário.<br />

As corporações <strong>de</strong> ofício integravam não só os mestres artesãos, mas também seus aprendizes <strong>de</strong><br />

jornaleiros. Estas agremiações extrapolavam a simples reunião <strong>de</strong> pessoas com interesses comuns,<br />

pois criavam regras a ser respeitadas por sujeitos e instituições que não as integravam. Claro<br />

exemplo da importância das corporações <strong>de</strong> ofício se percebe no fato histórico cita<strong>do</strong> por Leo<br />

Huberman, ocorri<strong>do</strong> em 1498, numa cida<strong>de</strong> alemã, quan<strong>do</strong> os chefes da Igreja <strong>de</strong> São João<br />

precisaram obter a autorização da corporação <strong>de</strong> pa<strong>de</strong>iros para po<strong>de</strong>r preparar o próprio pão com o<br />

trigo e fermento que cultivavam em suas terras 23.<br />

As corporações atuavam com po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> regulamentar as relações sociais <strong>de</strong> sua época, ten<strong>do</strong> em<br />

vista suas largas atribuições. Controlavam o preço das merca<strong>do</strong>rias, garantiam a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

produtos e serviços, prestavam assistência aos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e aposenta<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s estes benefícios,<br />

para seus integrantes e para a socieda<strong>de</strong> em geral, eram uma retribuição pelos monopólios das<br />

corporações em cada área <strong>de</strong> produção e ativida<strong>de</strong>.<br />

O espírito <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> (e não <strong>de</strong> concorrência) que orientou, no princípio, as corporações <strong>de</strong><br />

ofício aos poucos foi ruin<strong>do</strong> pela luta pelo po<strong>de</strong>r. A colaboração entre os mestres tornou-se coisa <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> e surgiram camadas <strong>de</strong> corporações, prevalecen<strong>do</strong> as mais po<strong>de</strong>rosas no controle <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>.<br />

Com o abuso das corporações, os reis passaram a intervir. Tais interferências na liberda<strong>de</strong> das<br />

corporações, que se tornaram verda<strong>de</strong>iro po<strong>de</strong>r paralelo, aconteceram com forte resistência. Estes<br />

conflitos assumiram enormes proporções, a exemplo da ocorrida em Lyon, na França, que funcionou<br />

como estopim para o fim <strong>de</strong>stas agremiações.<br />

No dia 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1791 a assembleia da Revolução aprovava um projeto <strong>de</strong> Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Novilles suprimin<strong>do</strong> todas as corporações. No dia 17 <strong>de</strong> julho <strong>do</strong> mesmo ano a Lei Chapelier<br />

consi<strong>de</strong>rou as corporações atentatórias aos <strong>direito</strong>s <strong>do</strong> homem e <strong>do</strong> cidadão 24.

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