07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Para nós, ambas as normas (arts. 623 e 624) não vigoram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Constituição <strong>de</strong> 1988, que<br />

privilegiou a negociação coletiva (art. 7º, XXVI, da CF), sem qualquer restrição. Quanto à regra <strong>do</strong><br />

art. 624 não há controvérsias quanto ao fato <strong>de</strong> que a autorida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> interferir na negociação<br />

coletiva, mesmo que traga como consequência o aumento das tarifas públicas.<br />

Quanto à norma <strong>do</strong> art. 623, contu<strong>do</strong>, ainda existem vozes que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m sua sobrevivência mesmo<br />

diante da liberda<strong>de</strong> consagrada pela Constituição <strong>de</strong> 1988.<br />

Sergio Pinto Martins 1123 afirma que não há incompatibilida<strong>de</strong> com a Constituição <strong>de</strong> 1988 e insiste<br />

na aplicação da proibição <strong>do</strong> art. 623 da CLT por se tratar <strong>de</strong> norma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, que prevalece<br />

sobre a autonomia privada coletiva.<br />

Eduar<strong>do</strong> Gabriel Saad 1124 também não enxerga incompatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 623 com a Constituição<br />

<strong>de</strong> 1988, ainda que reconheça que a nulida<strong>de</strong> da cláusula da convenção ou <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> só será<br />

reconhecida por <strong>de</strong>manda proposta pelo Ministério Público <strong>do</strong> Trabalho, <strong>de</strong>nominada ação anulatória<br />

<strong>de</strong> cláusula coletiva, <strong>de</strong> competência da Justiça <strong>do</strong> Trabalho.<br />

10.2. Competência funcional da ação anulatória <strong>de</strong> cláusula coletiva<br />

Não há norma legal dispon<strong>do</strong> sobre qual órgão trabalhista seria competente para apreciação da<br />

ação anulatória, 1º ou 2º grau <strong>de</strong> jurisdição.<br />

Boa parte da <strong>do</strong>utrina atribui a competência ao 2º grau <strong>de</strong> jurisdição (TRT), por analogia à regra<br />

<strong>do</strong> art. 678 da CLT 1125. Pelas mesmas razões e sen<strong>do</strong> a norma coletiva mais abrangente que a<br />

competência <strong>do</strong> TRT, será a <strong>de</strong>manda apreciada pela SDC/TST. Neste senti<strong>do</strong>, inclusive, <strong>de</strong>fine o<br />

próprio Regimento Interno <strong>do</strong> TST em seu art. 70, I, c. Defen<strong>de</strong>m esta tese, entre outros, Bezerra<br />

Leite 1126e Marcos Neves Fava 1127.<br />

Em senti<strong>do</strong> contrário, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a competência <strong>do</strong> primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição (juiz <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>),<br />

inclusive com apoio na regra da CF, art. 114, III, c/c os incisos I, II, IX e §§ 2º e 3º: Mauro Schiavi,<br />

afirman<strong>do</strong> que<br />

se cabe ao primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição <strong>de</strong>cidir sobre questões <strong>de</strong> representação sindical e também controvérsias sobre sindicatos<br />

entre si e entre emprega<strong>do</strong>res e sindicato, nos parece fora <strong>de</strong> dúvida que todas as ações anulatórias <strong>de</strong> normas convencionais<br />

<strong>de</strong>vem ser julgadas pelo primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição da Justiça <strong>do</strong> Trabalho 1128.<br />

No mesmo senti<strong>do</strong> Sergio Pinto Martins, ainda que reconheça ser minoritária a tese, tanto na<br />

<strong>do</strong>utrina como na jurisprudência. Explica o autor que quan<strong>do</strong> a Constituição e a lei não dispuserem<br />

on<strong>de</strong> uma ação <strong>de</strong>ve ser proposta, aplica-se a regra geral que <strong>de</strong>ve ser ajuizada na primeira<br />

instância 1129.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!