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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

presentes e futuros toda a ordem de tão magnífica solenidade”.<br />

Como se vê, os negros não só promoveram toda a festa<br />

como pagaram ao escritor Simão Ferreira Machado para escrever<br />

e publicar, sobre o evento, as notícias de que os mineiros<br />

brancos, de ontem e de hoje, tanto se orgulham 366 .<br />

O ano de 1748 - baliza dos tempos de decadência iniciados<br />

em 1746 - foi marcado por um outro grande acontecimento<br />

festivo e luxuoso: a festa do Áureo Trono Episcopal,<br />

que celebrou a criação do Bispado de Mariana 367 . A criação,<br />

na verdade ocorrera em 1745 e o bispo dom frei Manoel da<br />

Cruz não queria a festa de jeito nenhum, mas afinal, nesse<br />

mesmo ano estava sendo terminado o Palácio dos governadores<br />

e o sistema tributário de capitação e censo das indústrias<br />

renderia, entre 1735 e 1751, pouco mais de 2.066 arrobas. Então,<br />

porque não festejar! É um paradoxo: ao final de 1746 ocorrera<br />

um grande genocídio contra a Primeira Povoação do<br />

Ambrósio na região de Arcos, Formiga, Cristais, Guapé, Alpinópolis<br />

etc.<br />

Afinal, conforme viria a dizer o Joãozinho Trinta de<br />

nosso desmemoriado final de século XX: “Quem gosta de miséria<br />

é intelectual; pobre gosta é de luxo!”. Assim, em 1748<br />

ainda deu para enganar:<br />

“Endossando a idéia de que a festa funciona como<br />

mecanismo de reforço, de inversão e de neutralização, teríamos<br />

no Áureo Trono a ritualização de uma sociedade rica e<br />

opulenta - reforço - que procura, através da festa, criar um<br />

largo espaço comum de riqueza - riqueza que é de poucos<br />

mas que o espetáculo luxuoso procura apresentar como sendo<br />

de muitos, de todos, desde os nobres senhores do senado até o<br />

mulatinho e o gentio da terra (este último, representado por<br />

mulatinhos vestidos de índios). O verdadeiro caráter da sociedade<br />

é, aqui, invertido: a riqueza já começava a sumir, mas<br />

aparece como pródiga; ela era de poucos, e aparece como de<br />

366 Artigo “Triunfo Eucarístico” da Revista do Archivo Público Mineiro, CD 02, pasta 03, imagens 149-163.<br />

367 Anônimo, Mariana, 1748, in Códice Costa Matoso, v. 1, p. 663-664.<br />

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