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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

dos se usam, que são os de comprarem negras e destas utilizarem-se<br />

alguns anos e, findos estes, arbitrar-lhes avultado<br />

preço ao seu valor e mandar o procurem dentro do tempo que<br />

se ajustam, o que fazem por termos indecorosos ao serviço de<br />

Deus e de V. Majestade Fidelíssima, pois com o interesse da<br />

sua liberdade a tudo se sujeitam, vivendo entre católicos como<br />

se ainda existissem nas suas gentilidades, vindo a ficar<br />

obra do desagrado de Deus aquela mesma que se devia reputar<br />

por boa se fosse fundada na caridade e não na conveniência<br />

própria, como são todas as alforrias que nestes estados se<br />

fazem, de que presentemente resulta dano aos vassalos de V.<br />

Majestade Fidelíssima e poderá ser maior para futuro pelas<br />

circunstâncias, que podem sobrevir de tantas liberdades, se a<br />

piedade de V. Majestade Fidelíssima lhe não der providência<br />

necessária, mandando se não forrem mais negras, negros e<br />

mulatos por semelhantes modos 1716 , mas sim, querendo-o alguém<br />

fazer, seja gratuitamente por esmola ou pelos bons serviços<br />

que os escravos tenham feito, extinguindo-se de tudo esta<br />

má introdução solapada com título de caridade 1717 em que<br />

os senhores dão licença a seus escravos para procurarem o<br />

seu valor, sem mais agência para o poderem adquirir, do que<br />

a soltura de seu mau viver, com escândalo tanto das leis divinas<br />

como das de V. Majestade Fidelíssima 1718 .<br />

Também suplicamos a V. Majestade Fidelíssima seja<br />

servido mandar que em cada freguesia haja um livro e nele<br />

assentados todos os forros de qualquer qualidade, ou sexo,<br />

que sejam e que, querendo, alguns destes, ir de uma para outra<br />

freguesia o não possa fazer, sem levar escrito de alguma<br />

pessoa da freguesia de que vai; e sendo para residir de morada<br />

em outra qualquer, será obrigado a dar entrada para se<br />

1716 A evidência é que esse modo de alforria cresceu se popularizou na época do sistema da capitação. Agora,<br />

aqueles forros estavam voltando para as vilas.<br />

1717 Verbete nº. 5605 do IMAR/MG, Cx. 67, Doc. 65, AHU, Rolo 59, p. 499.<br />

1718 O contexto econômico-social criado pelo sistema tributário da capitação, sem dúvida, deu origem e fo-<br />

mentou esse sistema de alforria onde – para não perder o escravo para o fisco e ficar criminoso - o senhor o<br />

alforriava logo e, sem lhe dar papel algum, o mandava sair e arrumar o ouro para pagar por sua alforria.<br />

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