QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
pertenciam à 'raça branca', enquanto que os restantes 6 milhões
e tantos distribuíam-se entre negros, índios e sobretudo
mestiços” 2575 , o que se pretendia mesmo era substituir o próprio
povo brasileiro, irremediavelmente manchado pelo sangue
de raças inferiores - índios e negros - por um novo povo,
branco e europeu, criando, assim, após a abolição da escravidão,
um novo Brasil.
Ora, tirando-se os miscigenados com negros e com índios,
não restaria mesmo povo nenhum no Brasil, pois que,
como debochava Luiz Gama em seu “Bodarrada” até mesmo
as elites eram seus “primos”.
A idéia que as elites tinham dos índios, na verdade, era,
a essa época, tão ou mais preconceituosa do que o conceito
que tinham dos negros. Segundo os parâmetros da Antropologia,
estaria o índio num estágio civilizatório bem mais atrasado
do que os negros: a grande maioria era nômade e coletora
de alimentos, andavam nus, usavam, no máximo, a pedra polida
e muitas tribos eram antropófagas. A esta época, há pouco
tempo se consolidara a conquista do Oeste Paulista, onde o
massacre aos índios fora precedido de uma campanha difamatória
à sua humanidade e civilização.
Ora, se se excluíssem os negros, os pardos, os índios e
os caboclos, não restaria nenhum povo brasileiro, pois os
“brancos” paulistas, mesmo as elites, como já muito debochara
o terrível Luiz Gama, não eram bem homens brancos! Eram
todos miscigenados, se não com negros, certamente com índios.
Aí, então, se lembraram dos índios do José de Alencar!
Os tambores passaram a rufar dia e noite, cadenciando
os cantos da poesia de Gonçalves Dias. Os cenários se tingiram
de sangue e de bravura dos índios do José Alencar. As
prensas passaram a compor contos, romances e crônicas: era
preciso engrandecer a brava raça tupi-guarani, ancestrais primeiros
da etnia (branca) brasileira.
2575 Onda Negra, Medo Branco, p. 73.