13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

212<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

todos os mais são senhores ou escravos que servem àqueles<br />

senhores” 574 .<br />

Para que se possa ter uma idéia mais real das <strong>Minas</strong><br />

<strong>Gerais</strong> do século XVIII – e disto depende o entendimento da<br />

nossa História - é preciso ter em conta o fator trabalho. Pelo<br />

que se pode interpretar e analisar, o trabalho era mesmo um<br />

ato mais que vergonhoso: era ignominioso! Pedir esmolas era<br />

uma atividade perfeitamente aceitável; mas, trabalhar... não.<br />

Trabalhar era atividade para escravo. Assim, eram mais definidos<br />

o senhor que tinha escravos a seu serviço e o escravo<br />

que tinha um senhor para quem trabalhar. O resto, se não fosse<br />

padre, militar ou funcionário público, era gentalha, eram<br />

“vadios que vagam por estas <strong>Minas</strong>, sem fazenda sua ou a<br />

maior ofício ou amo a que sirvam” 575 .<br />

O número de gentalha a vagar pelas <strong>Minas</strong> do século<br />

XVIII era bem maior do que se supõe. É simplório pensar que<br />

todos os brancos que para lá foram, receberam de entrada uma<br />

data de terra mineral para procurar ouro e, pouco tempo depois,<br />

uma sesmaria de três léguas de terras para implantar a<br />

sua fazenda. Isto era a exceção. Só quem possuísse escravos<br />

poderia conseguir terras minerais (uma braça de terra por escravo<br />

possuído), e se tivesse dinheiro para pagá-la. Para se<br />

conseguir uma sesmaria, então, nem se fale! Só os que, além<br />

de muito dinheiro e grande escravaria, tivessem conhecimento<br />

e proteção política junto à nobreza ou aos altos funcionários é<br />

que poderiam ousar querer tal privilégio; obviamente, era mister<br />

que fossem, também, limpos de sangue, ou seja, nem pardos<br />

e nem cabras. Assim, a gentalha vivia aqui e ali, de vila<br />

em vila, de povoado em povoado, de lavra em lavra, de déu<br />

em déu, como se diz até hoje em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>.<br />

Alguns pardos e até negros forros, no entanto, conseguiam,<br />

num golpe de sorte ou de proteção - principalmente no<br />

caso de pardos filhos de brancos poderosos ou de pretas con-<br />

574 Desclassificados do Ouro, p. 215.<br />

575 APM SC-130, fls. 55 e 56v.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!