QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
go em corpo de câmara desforrarmos daquelas violências e,
pretendendo passar à outra banda do dito rio 1316 , fomos impedidos
por grande número de homens mestiços, mamelucos,
pretos e alguns brancos 1317 , todos armados; e convocados pelo
dito Francisco Martins Lustosa, que nos falou com soltura,
arrogância e descortesia, empenhando a vida na sustentação
da passagem; de que não só havia tomado os usuais barcos
chamados canoas, mas com escolta de homens armados mandou
afugentar os oficiais (...)” 1318 .
A 22 de maio de 1746, Lustosa escreveu para o governador
da Capitania de São Paulo, narrando todo o episódio e pedindo
instruções, mesmo porque não tinha ordens escritas. No
dia seguinte, os reinóis também escreveram não só a Gomes
Freire, mas ainda, a mando deste, a dom Luís Mascarenhas,
governador de São Paulo.
O governador de São Paulo respondeu aos ministros da
Comarca do Rio das Mortes alertando-os quanto a acharem de
“estender os limites de sua comarca e jurisdição, metendo
dentro dela o novo descoberto de que é guarda-mor, com
provisão minha, Francisco Martins Lustosa e de como este
lhes disputara a passagem do rio Sapucaí para a banda desta
Comarca (...), só tenho para lhes assegurar, que hei de defender
de toda a sorte a posse que por parte desta comarca e
capitania tem tomado e está sustentando o dito guarda-mor,
pois já parece ambição desordenada quererem Vossas Mercês
com passo lento introduzir-se por toda esta comarca, pretextando
este atentado com posses clandestinas e subreptícias,
que não podem produzir efeito jurídico com prejuízo
das justiças desta comarca, ausente e ignorante dessas
chamadas posses à surdina”. Argumenta que, em 1743, aquiescera
na retirada de Bartolomeu Correia Bueno da Campa-
1316 Como se vê, os reinóis quiseram, então, invadir também a margem esquerda do rio Sapucaí, povoado de
Santana do Sapucaí, hoje Silvianópolis.
1317 Este grupo de “homens mestiços, mamelucos, pretos e alguns brancos”, na verdade, traduz a composição
da maioria dos quilombos do Campo Grande.
1318 Verbete nº. 4066 do IMAR/MG, Cx. 48, Doc. 52 do AHU.
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