13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

600<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

índios, dormiram ricos e acordaram pobres. Este foi o golpe<br />

final com que o reinol destruiu, economicamente, o potentado<br />

ou elite da terra. Os reinóis, cuja escravaria era exclusivamente<br />

africana, ficaram mais ricos; muito mais ainda, o magnata<br />

do reino, que teve fomentado o seu negócio do tráfico de escravos<br />

africanos para o Brasil.<br />

Evidentemente – por outras razões – a notícia da abolição<br />

da escravatura indígena deve ter sido recebida com muita<br />

tristeza também pelos pretos forros e livres que, apesar de todo<br />

o serviço que haviam prestado aos reinóis, continuariam<br />

com a marca da impureza de sangue e com todas as suas conseqüências<br />

previstas na Lei de 1725 1715 .<br />

A esta altura, parece que a auto-estima dos pretos forros<br />

entrara mesmo em baixa total nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>. Assim foi<br />

que se criou o preconceito defensivo de, até hoje, os mineiros,<br />

mesmo os mais trigueiros, preferirem lembrar que tiveram<br />

uma avó bugra apanhada a laço e esquecer, escamotear qualquer<br />

ancestralidade negra. A perseguição foi muito pesada.<br />

Os homens-bons da câmara da cidade de Mariana, que já<br />

tinham recorrido ao governador, peticionaram também, em 5<br />

de maio de 1755, ao próprio rei, denunciando “os contínuos<br />

incômodos e desassossegos que experimentam os vassalos de<br />

V. Majestade Fidelíssima destes termos e mais câmaras deste<br />

Estado do Brasil, pela imensidade que nele há de negros, negras<br />

e mulatos forros e, por esta razão, contínuos os insultos<br />

que fazem os negros fugidos, não só nos viandantes, mas sim<br />

também nos moradores existentes nas suas casas, com roubos<br />

de suas fazendas, vidas e honras, servindo-lhe aqueles (como<br />

em tudo semelhantes a estes) de darem saída ao que roubam,<br />

dando-lhe todo o necessário para poderem fazer, como são<br />

armas, pólvora e chumbo e tudo o mais de que carecem”.<br />

Conotando o excesso de pretos forros com o perigo dos<br />

escravos fugidos, pediram ao rei que “se não dê mais alforrias<br />

a negros e negras e mulatos pelos meios que nestes Esta-<br />

1715 <strong>Quilombo</strong> do Campo Grande, p. 277-278, citando A Capitania das <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, p. 77).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!