QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Enquanto isso no front principal da expedição: “A terceira
carta de Bartolomeu Bueno é já de 7 de outubro” (domingo);
“dá notícia do ataque ao Quilombo do Bambuí. Faz
referência à malícia dos guias pretos que, dando informações
enganosas, evitavam que a expedição encontrasse realmente
o quilombo. E até que descobrisse a malícia dos guias negros
(ou extrema lealdade para com os irmãos de raça), vários foram
os dias perdidos. O Quilombo do Bambuí estava, parece,
bem guardado; pois a ele a expedição chegou quase de repente.
O ataque foi duro. A resistência tremenda. E a luta
muito séria. Tão séria que alguns atacantes se acovardaram.
Um considerável número de infelizes negros teve o rio Bambuí
por sepultura. Do grande número de mortos insepultos se
tinha notícia pelos corvos que os andavam comendo. Informação
do comandante acrescenta que muito pouco ou nenhum
conseguiu fugir. Entre negras e crias, fez 59 prisioneiros.
Em vista da resistência, os negros não foram poupados”
1990 .
Três são as pistas para a localização deste quilombo:
a) ficava às margens do rio Bambuí; b) o Mapa da Conquista
– 1784 de Inácio Correia Pamplona 1991 o aponta na margem
esquerda do rio Bambuí, pois ficava entre este o rio Perdição;
c) as atas das posses civil e eclesiástica informaram que o
Quilombo do Bambuí era fronteiro ao Quilombo do Indaiá.
As pistas acima, sem dúvida, indicam o território fechado
a oeste pela serra da Boa Vista, pelo povoado de Altolândia
1992 e pelos topônimos “Fazenda Ouro Fala” 1993 e “Caatinga”
ou “Catinga 1994 ”. Ao sul de Altolândia, margem direita
das nascentes do ribeirão do Bonsucesso, tem a fazenda Gua-
1990 Negros e Quilombos em Minas Gerais, p. 49.
1991 In Cartografia das Minas Gerais – Da capitania à Província, encarte.
1992 Distrito do município de Itapiraí/MG.
1993 O mesmo nome do Quilombo de Guapé.
1994 Caatinga poderia ser vocábulo tupi; catinga, no entanto, segundo a dra. Yeda Pessoa de Castro, in Falares
Africanos na Bahia, p. 206, é vocábulo africano banto, que significa cheiro fétido do corpo humano ou de
animais em estado de deterioração.
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