QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
desenvolvidos tinham esses benefícios e só rezavam nas igrejas;
dizendo que suas casas eram palhoças, quando as casas
dos povoados não-quilombos foram – pode se dizer todas -
construídas pelos negros, pois branco não trabalhava. Além
do mais, todas as testemunhas do neto de Bartolomeu Bueno
– algumas presenciais – afirmaram em 1800 que também os
quilombos do Indaiá, do Bambuí e Nascentes do Rio Pardo
(Careca) tinham casas “todas barreadas e de beira alta 1926 ”.
Além do mais, pode-se ver nos croquis dos quilombos do
“Rio Perdição” e “Um dos Braços” uma cruz ladeada por dois
“i” que, não sendo petipés 1927 , marcam, sem dúvida, a presença
de uma capela dentro desses quilombos, o que apenas repetiria
as devoções católicas dos negros bantus largamente praticadas
em todas as vilas mineiras.
Ora, até o maior evento cultural e religioso das Minas,
chamado Triunfo Eucarístico, foi co-produzido pelos pretos
do Rosário que, inclusive, contrataram e pagaram o escritor e
a publicação que imortalizou esse fato artístico, religioso e
cultural maior no famoso livreto publicado em Portugal 1928 .
A população dos quilombos do Triângulo Goiano e
nascentes do Indaiá e do Bambuí, dado o total de 420 casas
apontadas no mapa do capitão França, seria de 2.520 habitantes,
considerada a média de seis pessoas por casa. Esse número,
no entanto, devia passar dos 3 mil, em que pese a população
do Quilombo da Marcela e, muito mais, a população evacuada
do Quilombo do Ambrósio II - chamado por Almeida
Barbosa de “Quilombo Grande” e, de “Campo Grande”, pelas
testemunhas do neto de Bartolomeu Bueno em processo iniciado
em 1800 - a qual se reuniu no Pernaíba em número tão
grande que foi classificada pelos atacantes como uma “monstruosidade
de negros”.
1926 Segundo Dicionário Aurélio século XXI, “barreada” significa “cujas paredes são revestidas de barro:
casa barreada” e “beira” significa “aba de telhado”.
1927 Segundo Aurélio, petipé é “Escala de reduções em mapas e cartas”.
1928 Artigo “Triunfo Eucarístico” da Revista do Archivo Público Mineiro, CD 02.