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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

das irmandades, entre as quais a população se dividia segundo<br />

as camadas sociais. Luís Jardim chama a atenção para o<br />

fato. A Ordem Terceira do Carmo não admitia gente da raça<br />

infecta e só a custo passou a tolerar irmãos casados com mulatas.<br />

Pretos e crioulos, unidos a princípio na Irmandade do<br />

Rosário, separaram-se, resultando do desacordo a fundação<br />

da Irmandade das Mercês” 473 .<br />

As irmandades, a bem da verdade, vinham de encontro<br />

à política portuguesa de extrair o máximo sem nada investir<br />

em suas colônias. Eram proibidas as congregações e ordens<br />

religiosas de frades e padres, responsáveis pela construção da<br />

maioria das igrejas do litoral brasileiro. Assim, sem gastar um<br />

tostão, tinha a Coroa, através das paróquias montadas pelo<br />

próprio povo, toda a estrutura de que precisava para a sua máquina<br />

tributária 474 .<br />

Como se vê, o incentivo à desagregação inter-racial e<br />

social fazia surgir mais e mais igrejas e capelas com cisões de<br />

irmandades dentro de uma mesma vila ou cidade. Isto atendia<br />

duplamente aos interesses do governo e da Igreja: o governo<br />

cimentava a discriminação garantindo que o povo, separado<br />

em brancos nobres e pés-rapados, pardos e negros, cativos e<br />

forros, não adquiriria jamais uma consciência de cidadania e<br />

pátria única; a Igreja garantia, dada a concorrência entre as<br />

irmandades no sentido de embelezarem suas igrejas e festas,<br />

um ganho farto e constante.<br />

Os pobres tinham santos como padroeiros; os negros e<br />

pardos até que estavam bem, tendo Nossa Senhora do Rosário<br />

como patrona. Os ricos, os nobres, esses já rezavam diretamente<br />

para o Chefe: sua irmandade era nada mais nada menos<br />

do que a do Santíssimo Sacramento!<br />

Sobre a capacidade econômica e de mobilização dessas<br />

irmandades, já falamos acerca das grandes festas sacras<br />

473 Arraial do Tijuco - Cidade Diamantina, p. 80.<br />

474 Ver “Estudos 1 – Associações Religiosas no Ciclo do Ouro”, de Fritz Teixeira Salles, BH-UMG, 1963.<br />

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