13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

244<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

“A história conta que Adandonzam vendeu a viúva do<br />

rei Agonglo como escrava. Posteriormente, o rei Guezo, após<br />

inúmeras buscas, descobriu sua mãe - rainha - em São Luiz<br />

do Maranhão, no Brasil, onde tinha organizado um culto dos<br />

'voudouns', tendo além disto feito construir um templo chamado<br />

Casa das <strong>Minas</strong>” 648 .<br />

“Neste ponto é interessante assinalarmos a presença<br />

em Daomé, do brasileiro Francisco Félix de Souza, que no<br />

ano de 1818, participou ativamente dum complô contra Adandonzam.<br />

Quando subiu ao trono, o rei Guezo proclamou,<br />

solenemente, aquele brasileiro, Conselheiro do reino, com o<br />

título oficial de 'Chá-chá'; ou 'Xá-xá'. Em breve, Francisco<br />

Félix de Souza, que era pobre, tornou-se riquíssimo, tendo<br />

obtido o monopólio de todo o comércio grosso e principalmente<br />

de escravos, recebendo honras reais e proclamando-se<br />

Rei de Quidah” 649 .<br />

Francisco Félix de Souza, o Chá-chá, participou, com<br />

todo direito que lhe foi dado, do poder absoluto em Daomé.<br />

Garantiu a exportação de negros para a Bahia durante todo o<br />

século XIX. Governador de Ajudá, quando da Independência,<br />

hasteou a bandeira do Brasil em apoio a dom Pedro I. Em<br />

Quidah se encontra o seu túmulo, motivo de visitação de turistas<br />

650 .<br />

Há indícios de que os traficantes negros do Dahomé,<br />

liderados pelo rei Gueso e seu amigo Chá-Chá, na verdade,<br />

geraram uma superestrutura na Bahia (Salvador), para onde<br />

foram muitos agentes escravistas que, mesmo após a proibição<br />

do tráfico, continuaram a inundar o Brasil de escravos até<br />

com documentos falsificados 651 .<br />

Ainda às vésperas da abolição, o grande fornecedor de<br />

escravos é o Nordeste brasileiro (na verdade, a Bahia) e não a<br />

648 Veja-se que os próprios naturais do Daomé, hoje Benin, assimilaram e assumiram o nome de “minas”.<br />

649 África Contemporânea, p. 108-111.<br />

650 África Contemporânea, p. 110-111.<br />

651 Cadernos do Arquivo 1 – Escravidão em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> – APM – 1988, p. 107-111.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!