13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

e nos mais, que forem precisos mandando-lhes passar provisão<br />

para o dito efeito. EL-REI” 723 .<br />

Encontrei no Museu do Ouro, em Sabará, documento<br />

que dá mostras de que, o negro, uma vez forro, se rico ou protegido,<br />

tinha lá os seus direitos, podendo até mesmo processar<br />

criminalmente a um branco. E foi o que fez um preto forro em<br />

1794, abrindo querela e devassa contra um branco:<br />

“Diz, José Ribeiro Pereira, preto forro, morador no<br />

arraial de Santa Rita, que no dia 15 do corrente mês de maio,<br />

pelas quatro horas da tarde, foi insultado terrivelmente por<br />

João Miguel, homem branco, o qual, sem fundamento justo e<br />

só por malignidade, espancou o suplicante até lhe fazer o ferimento<br />

declarado nos autos, além de outras pancadas que o<br />

suplicante recebeu em seu corpo e que não aparecem por<br />

causa de sua cor (...). E o suplicante requer que se averigúe<br />

no ato da querela, por qualquer processo, para fazer com que<br />

os que fizeram o corpo de delito (...). Requer a V. Mercê,<br />

mande proceder a sumário de suas testemunhas, Antônio Vieira,<br />

homem branco, Manoel Francisco, também branco, o<br />

capitão Teodósio de Oliveira, homem pardo, e Domingos de<br />

Almeida, crioulo forro. (...)” 724 .<br />

Esses negros e pardos forros eram aqueles vassalos<br />

que cuidavam dos serviços de artes e ofícios, tais como sapateiro,<br />

carapina, marceneiro, alfaiate, latoeiro, músico, lenheiro,<br />

barbeiro, seleiro, escultor etc. conforme demonstram as estatísticas<br />

de 1804 relativas a Vila Rica. Homens livres brancos<br />

não deviam trabalhar nem mesmo de músicos, escultores ou<br />

pintores 725 . Trabalhar era coisa para escravo 726 . Os negros e<br />

pardos livres, no entanto, se sujeitavam às artes e ofícios, além<br />

das tradicionais ocupações de soldados de esquadras de<br />

723 Verbete no 5928 do IMAR/MG, Cx. 73, Doc. 24.<br />

724 Documento avulso, encontrado no Museu do Ouro-Sabará/MG.<br />

725 Um Recenseamento na Capitania de <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> – Vila Rica-1804, introdução, p.VIII a XVII.<br />

726 Instrução para o Governo da Capitania de <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> de J.J. Teixeira Coelho, in Revista do Archivo<br />

Público Mineiro, v. 8, 1903, itens 4 e 5 da p. 561.<br />

277

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!