QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
daquelas Minas” 2512 que, lá, os pretos forros “comerciam todo
gênero de negócios, tratos e contratos de compra e venda,
com todo gênero de pessoas brancas que aí vão, moram e residem
por algum tempo”, de onde se derivam “papéis, créditos,
escritos, escrituras, termos e mais assinados (...)etc.
etc.” 2513 .
Em 28 de abril de 1762, a Câmara de Vila do Príncipe
lembrava da proibição a que pessoas de ascendência defeituosa
pudessem “andar na governança da república servindo de
juízes ordinários e vereadores e procuradores do senado,
com o que totalmente privava não fossem admitidos os mulatos,
ou homens brancos casados com mulatas e ainda viúvos
delas, pelos justos motivos na mesma carta régia ponderados
e porque, sem atenção à mesma, sucede haverem subornos
nas eleições com empenhos de alguns que padecem essa nota
como tem sucedido”. Assim, pediam ao rei que mandasse aplicar
penas contra quem desse votos a mulatos ou brancos
casados com mulatas; igualmente, aos que pedissem os votos
e contra os procuradores que aceitassem e validassem os votos
para mulatos ou para brancos casados com mulatas 2514 . Como
se vê, não se pode acusar os pretos forros de não terem lutado
por um espaço na sociedade branca colonial.
A legitimação de filhos pardos de brancos casados foi
bastante dificultada, exigindo procedimentos judiciais perante
o próprio rei:
“Diz José de Sá Pereira, alferes da cavalaria auxiliar,
morador na Cachoeira do Campo, Comarca de Vila Rica do
Ouro Preto, Capitania das Minas Gerais, que sendo casado
com Romana Eugênia do Sacramento, ao presente falecida e
de cujo matrimônio não ficaram filhos, teve um pardo forro e
2512 Iniciam-se aqui os textos extraídos do documento encontrado em Cx. 68, Doc. 66 do AHU – Verbete nº.
5502 do livro Inventário dos Manuscritos Avulsos Relativos a Minas Gerais Existentes no Arquivo Histórico
Ultramarino (Lisboa) – IMAR/MG do AHU.
2513 Artigo José Inácio Marçal Coutinho, um preto forro sabido, letrado e político, in
www.mgquilombo.com.br, verbetes nºs. 5502, 5571, 5647, 5406, 6434, 6784 e 6792 do IMAR/MG.
2514 Verbete nº. 6475 do IMAR/MG, Cx. 80, Doc. 32 - 28 de abril de 1762, AHU.
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