QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Tomada do Cabo Verde
Paiva Bueno, neto de Bartolomeu, propôs provar em
seu processo de justificação de 1800 o “Item, que depois de
partidas as terras, o avô do justificado a custa da sua fazenda,
rompeu o Sertão do Cabo Verde onde descobriu ouro com
tantas contas que houve partilhas ao povo e se edificou um
arraial que ele a presente (hoje em dia) se acha situado e os
povos extraindo ouro em utilidade do real erário” 2172 .
Realmente, através da sua décima segunda testemunha
(presencial) “Francisco da Silva, homem 2173 branco, viúvo,
morador na Freguesia das Lavras, onde vive de sua lavoura,
de idade de setenta e cinco anos”, Paiva Bueno provou que
mesmo após a destruição dos quilombos, “o dito capitão-mor
continuou na dita diligência de SAQUEAR aqueles sertões até
ser mandado recolher pelo mesmo exmo. general (...)”, bem
como “(...) que, logo que se concluiu as partilhas ou repartição
das terras minerais e descobertos de Jacuí, rompeu o dito
capitão-mor avô do justificante à sua custa o Sertão de Cabo
Verde, onde também se descobriram minas de ouro e se edificou
um arraial e até ao presente se acha povoado e extraindo
ouro em utilidade do real erário (...)” 2174 .
Essas evidências têm total conotação com as declarações
testemunhais da existência do Quilombo do Marimbondo
e do Quilombo do Muzambo, em cujo trajeto de Jacuí para
Cabo Verde, Bartolomeu Bueno deve ter trucidado e completado
a sua coleção de orelhas mumificadas. Ao passar pelo
Mocambo do Muzambo em 1764, o escrivão do Governador
Luz Diogo, Cláudio Manuel da Costa, a ele se referiu como a
Noite da Desesperação.
Como se vê, a obstinação dos intelectuais de Muzambinho
em localizar suas origens quilombolas tinha raízes pro-
2172 Verbete nº 11295 do IMAR/MG, Cx. 155, Doc. 7, AHU, 9 de dezembro de 1800.
2173 Rolo 140, p. 124-b do Verbete nº 11295 do IMAR/MG, Cx. 155, Doc. 7, AHU, 9 de dezembro de 1800.
2174 Rolo 140, p. 126-b do Verbete nº 11295 do IMAR/MG, Cx. 155, Doc. 7, AHU, 9 de dezembro de 1800.