13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

294<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Dezenas de pesquisadores de história passaram a citar<br />

essa publicação do APM como se história fosse. Outros, conectando<br />

esse conto, tido por história, com os documentos e<br />

mapas contidos nas narrações das viagens de Inácio Correia<br />

Pamplona (1765 759 e 1769) passaram a ter como certo que o<br />

<strong>Quilombo</strong> do Ambrósio existiu sempre e somente na região<br />

de Ibiá/Campos Altos.<br />

Carlos Magno Guimarães, por exemplo, cita “GAMA,<br />

Carmo. quilombolas. RAPM, 9 (I-II), 827-866, 1904” em seu<br />

livro 760 . Waldemar de Almeida Barbosa, descreve exatamente<br />

a organização do quilombo do Ambrósio criada por Carmo<br />

Gama em seu folhetim, citando, a seguir o publicação da<br />

“lenda” pela Revista do Archivo Público Mineiro 761 , dandolhe<br />

valoração de fonte historiográfica.<br />

Entre outros efeitos, pode-se dizer que o conto de Carmo<br />

Gama matou a tradição que havia, até então, de que o <strong>Quilombo</strong><br />

do Ambrósio se situara, antes, na região de Formiga e<br />

Cristais. José Gomide Borges, o historiador de Cadeias, dissenos<br />

que ouviu essa tradição mas que, no entanto, dados os<br />

“ensinamentos” dos historiadores mineiros, esqueceu aquela<br />

história que um preto velho, que também se chamava Ambrósio,<br />

contara a seu pai serralheiro itinerante, acompanhado do<br />

filho – José Gomide, ainda menino - em Cristais-MG.<br />

Eis o efeito mais danoso do uso político do APM: entre<br />

acreditar nos velhos e nas velhas do povo, principalmente<br />

sendo pretos, que contavam as histórias dos negros na região<br />

de Formiga a Cristais, as pessoas mais novas – a partir do início<br />

do século XX - se viram obrigadas a acreditar nos disparates<br />

gerados pelo “conto” do Carmo Gama, cujo potencial de<br />

virulência foi maximizado pelo fato de ter sido publicado por<br />

aquele órgão oficial que deveria ser o guardião da História de<br />

<strong>Minas</strong>.<br />

759 Parece que só o inventário de Inácio Correia Pamplona e as cartas de sesmaria que concedeu à sua própria<br />

família falam desta suposta “conquista” do ano de 1765 deste homérico mentiroso.<br />

760 A Negação da ordem Escravista, p.123.<br />

761 Negros e <strong>Quilombo</strong>s em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, p. 31 a 32.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!