13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

254<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Os Bantos ou Bantus<br />

Sobre o comércio de negros “da Costa da Mina” e<br />

“Angola”, é interessante o registro de Waldemar de Almeida<br />

Barbosa:<br />

“Em vista da impossibilidade de fechar os caminhos<br />

dos currais, de onde vinha o gado e escravo da Bahia, a Coroa<br />

determinou, em 1714, se cobrasse dos escravos remetidos<br />

para as <strong>Minas</strong>, dos Angolas, seis mil réis de saída; e dos da<br />

Costa da Mina, três por cabeça, 'por serem inferiores e de<br />

menos serviços que os de Angola'. Era determinação baseada<br />

em dados falsos. O governador, na sua resposta, fez ver a equivocação,<br />

ressaltando que 'os que vêm da Mina se vendem<br />

por preço mais subido'. Assim, informou que consultara os<br />

ministros e pessoas de mais inteligência, deliberando cobrar<br />

4$000 por cabeça, qualquer que fosse a nação de origem” 683 .<br />

Interpretando o fato, também, sob a ótica do comércio<br />

exterior da época, à luz da política tributária colonial, pode-se<br />

concluir, “data venia”, em outros sentidos além da decisão baseada<br />

em “dados falsos”. Por exemplo: optando por utilizar<br />

escravos bantus em suas possessões na própria África - Angola,<br />

Ilhas de São Tomé e do Príncipe - onde cultivava a cana de<br />

açúcar, era natural que Portugal quisesse mesmo sobretaxar os<br />

Angolas; seria natural também que, com uma taxação menor<br />

sobre os “da Costa da Mina”, incentivasse os negreiros garantindo-lhes<br />

um lucro maior sobre a venda desses sudaneses.<br />

Tanto é que, apesar de “terem um preço mais subido”, acabaram<br />

taxados por cabeça num valor equivalente aos de Angola,<br />

o que, em termos percentuais, significa imposto menor - e lucro<br />

maior. Os holandeses, no entanto, tornariam os custos proibitivos<br />

e o lucro difícil, tendo Portugal que abrir mão dos<br />

Angolas de que precisava, também, na própria África.<br />

683 Negros e <strong>Quilombo</strong>s em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, p. 10 e 11.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!