QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
bramos o leitor de que, se o governo de Minas conseguiu, ao
final, anexar o território do Sudoeste de Minas, isto ocorreu só
no político-administrativo, pois, no eclesiástico, continuou
sob o domínio do Bispado de São Paulo, que provou “posse
mais antiga” 1292 .
Esta segunda edição, como já se viu, transcende a descrição
da causa mediata da primeira e abre o leque da imediatidade
das condições que produziram esse fenômeno e o seu
porquê, assim como, qual a sua matéria e qual a sua forma e
localização no tempo e no espaço.
Pelo que já se provou até aqui, evidente que os eruditos
discursos político-sociológicos urdidos em teses-crônica
pelos nossos folhetinistas de ontem e, hoje, pelos nossos pretensiosos
acadêmicos-doutores, sempre estiveram bastante
distanciados da realidade mineiro-quilombola.
O sistema tributário da capitação, incompatível com o
sistema econômico escravista, bem como, a figura despótica
de Gomes Freire, sua sede de poder e o expansionismo reinol
que perpetrou, abocanhando fronteiras a norte, a sul e a oeste
das Minas Gerais, sem dúvida, foram as causas diretas do resultado
Confederação Quilombola do Campo Grande.
Gomes Freire e Martinho de Mendonça haviam feito
todos os cálculos e previsões. Instrumentalizaram e agravaram
leis e regulamentos para manter as pessoas – inclusive forros
e brancos que trabalhassem com as próprias mãos - dentro das
vilas oficiais, para matriculá-las e coagi-las a que, de seis em
seis meses, pagassem o imposto da capitação. Multiplicaram e
especializaram tropas para cobrar os sonegadores a força de
armas, caçando-os até mesmo nos sertões, com a prerrogativa
de declarar como quilombos os povoados rebeldes e, como
quilombolas, os seus habitantes pretos ou, como aquilombados,
os seus habitantes brancos, adjetivos estes criminalizados
em lei, a cujo combate incentivou os capitães-do-mato e milí-
1292 Ver O Clero Paulista no Sul de Minas – 1801-1900 do pe. Hiansen Vieira Franco, Gráfica e Editora São
Paulo, ano 2003.