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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

mas para outras paragens fazendo esta negociação, e tinham<br />

ajustado entre si que a primeira operação dela fosse em quinta-feira<br />

de endoenças deste ano, porque achando-se todos os<br />

homens brancos ocupados nas Igrejas, tinham tempo para arrombar<br />

as casas, tirar as armas delas e investir os brancos, e<br />

degolando-os sem remissão alguma 743 .<br />

Alguns dias antes da Semana Santa tiveram os ditos negros<br />

diferenças sobre o domínio que pretendiam os de uma<br />

nação sobre as mais, e veio a romper-se o segredo na Comarca<br />

do Rio das Mortes de onde tive aviso desta sublevação<br />

com a notícia de terem já os negros da dita comarca nomeado<br />

entre si, Rei, Príncipe e os oficiais militares e, quando eu<br />

me persuadia a que poderia isto ser alguma ridicularia de<br />

negros 744 , me chegou outro aviso de uma paragem chamada o<br />

Forquim 745 , termo desta Vila (...) Sabendo que no morro do<br />

Ouro Preto havia também suspeita e que os negros tratavam<br />

da mesma matéria, por ser parte onde mineravam três para<br />

quatro mil negros mui resolutos e por isto era onde se receava<br />

maior perigo, passei a Vila Rica e fiz subir duas companhias<br />

ao dito morro para dar busca às armas, porém não se<br />

acharam, ou por não as haver, ou porque estivessem escondidas<br />

em partes ocultas e subterrâneas em que os negros vivem<br />

no dito morro (...) Como todas essas prevenções se fizeram<br />

antecipadas ao tempo em que os negros determinavam a executar<br />

a sua tenção, desbaratando-se-lhes, e com a prisão de<br />

muitos negros e negras culpados e castigos a outros, e se foi<br />

extinguindo a sedição, e tornou este País ao sossego em que<br />

estava, porém como aos que ficam se-lhes não podem tirar os<br />

pensamentos e os desejos naturais de liberdade (...) sempre<br />

este fica exposto a suceder-lhe cada dia o mesmo, porque esta<br />

não é a primeira sublevação que os negros intentam, pois já<br />

em tempos passados intentaram por outras vezes a pô-la em<br />

743 Veja-se que não se pretendia matar os pardos e negros forros.<br />

744 “Festejo de negros”, a exemplo da Festa de Nossa Senhora do Rosário.<br />

745 Hoje, distrito de Mariana/MG.

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