QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Portanto, além dos motivos mediatos e imediatos já
citados, é de se interpretar que a produção de alimentos nos
quilombos e seu provável fornecimento aos mineradores paulistas
constituísse fator cuja eliminação era necessária para
que Gomes Freire pudesse levar a fome e derrotar a resistência
paulista em seu novo povoado 1333 – Santana do Sapucaí -
ainda sem roças suficientes, consolidando, assim, o abocanhamento
de fronteiras também na margem esquerda do Sapucaí.
Antes da última derrota da Câmara de São João Del
Rei para Lustosa, em 1 o . de junho de 1746, Gomes Freire já
nomeara o capitão Antônio João de Oliveira e expedira três
oficiais para recrutar cerca de 300 homens armados junto às
freguesias dos Carijós, Congonhas, Ouro Branco, Prados e na
própria vila de São João Del Rei, para combater os pretos lavradores
a que chamou de “bárbaros matadores” 1334 .
Deixemos que as próprias cartas e ofícios de Gomes
Freire de Andrade nos relatem os fatos que envolveram esses
quilombos. Apenas lhes atualizamos a ortografia e fizemos
glosas em notas de rodapé.
Encarecemos, porém, que o leitor preste muita atenção
aos fatos a seguir documentados, pois que, depois, ao ler
os acontecimentos de 1756-1760, terá a impressão de que os
fatos de 1746 jamais teriam existido.
Carta Escrita de Vila Rica, em 01.06.1746
“Para o capitão governador e comandante das tropas
expedidas ao Campo Grande, Antônio João de Oliveira.
1333 Gomes Freire, aliás, usaria esse mesmo método no Sul quando, juntamente com espanhóis, matou de
fome a milhares de guaranis – Basílio da Gama, autor da poesia-epopéia Uruguai, como se vê foi mesmo um
mero puxa-saco da nobreza.
1334 Revista do Archivo Público Mineiro, Ano II, 1897, p. 376. Cadernos de Arquivo-1 – Escravidão em
Minas Gerais, APM, 1988, p. 45, citando SC – Cód. 84, p. 109v a 110v.