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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Um maçom e um cadáver-bandeira: o grande Joaquim<br />

Nabuco teria dito à beira de seu túmulo em 1882: “os<br />

escravocratas têm tudo: têm dinheiro; têm o governo; têm a<br />

justiça. Mas não têm como nós, o cadáver do negro sublime”<br />

2565 . Realmente, Luiz Gama, apesar de ter tido como objetivo<br />

principal a abolição da escravatura, não teria contestado a<br />

utilização de seu cadáver para derrubar o Império e proclamar<br />

a República, pois odiava os senhores e os reis e, numa carta a<br />

seu filho, teria registrado: “Sê republicano (...); trabalha por<br />

ti e com esforço inquebrantável para que este País em que<br />

nascemos, sem rei e sem escravos, se chame Estados Unidos<br />

do Brasil” 2566 .<br />

Quanto ao imigrantismo racista e o preconceito que<br />

após a sua morte se instauraram em São Paulo, jamais os aprovaria;<br />

talvez, se ainda vivo, tivesse virado na direção de<br />

seus mentores a poderosa boca de seu canhão burlesco e disparado<br />

versos encanzinados de veneno satírico.<br />

Mas o que foi a sua “Bodarrada” que tantos intelectuais<br />

e militantes de movimentos negros falam, sem se aperceber<br />

do que se trata? O que, realmente, quis o vate negro dizer<br />

nessa poesia satírica?<br />

Luiz Gama se apercebia do “efeito pardismo” e do<br />

falsificado tupiniquismo que tomavam conta do Brasil. Isto<br />

fica evidente em “Soneto”, do seu livreco Trovas Burlescas<br />

publicado em 1861:<br />

“Sou nobre, e de linhagem sublimada,<br />

Descendo, em linha reta, dos Pegados,<br />

Cuja lança feroz desbaratados<br />

Fez tremer os guerreiros da Cruzada!<br />

Minha mãe, que é de proa alcantilada,<br />

vem da raça dos Reis mais afamados;<br />

- Blasonara entre um bando de plasmados.<br />

Certo povo de casta amorenada.<br />

2565 Luís Gama e Suas Poesias Satíricas, p. 43.<br />

2566 O Precursor do Abolicionismo no Brasil – Luiz Gama, p. 145.<br />

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