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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

“Como diz Fernando Henrique Cardoso, a principal<br />

aspiração do homem livre é tornar-se senhor, pois na sociedade<br />

escravista só é representado realmente como homem livre<br />

quem não precisa trabalhar para viver, isto é, quem possui<br />

escravos: a liberdade na sociedade escravista define-se<br />

pela escravidão. Por isto, toda gente aspirava a ter escravos<br />

e, tendo-os, não trabalhar” 2547 .<br />

A relação entre senhor e escravo é uma relação entre<br />

senhor e escravo e não precisa sequer maiores explicações ou<br />

justificativas.<br />

“Ficam os escravos a infinita distância dos homens<br />

livres, são burros de carga a quem se despreza, acerca de<br />

quem se crê só podem ser levados pela arrogância e ameaças.<br />

Um brasileiro, assim, poderá ser caridosíssimo para com<br />

um homem de sua raça, e ter muito pouca pena de seus negros<br />

a quem não considera como semelhantes” 2548 .<br />

Assim, os pretos livres que não conseguem se tornar<br />

senhores de escravos, se vêem mais justificados, perante a sociedade<br />

escravista, como capitães-do-mato ou como feitores:<br />

“A utilização de forros e até mesmo de escravos como<br />

agentes da repressão, nas funções de feitores, homens-domato<br />

etc., foi detectada também em outros locais, constituindo,<br />

ao que tudo indica, uma prática comum no escravismo.<br />

Segundo Suely Robles, mesmo a agressividade pela repressão<br />

era canalizada pelo branco em benefício do sistema, quando<br />

fomentava a dissidência entre os grupos de procedência diversa<br />

ou escolhia feitores de cor, muitas vezes escravos também,<br />

a fim de que o ressentimento primitivamente dirigido<br />

contra o senhor se voltasse contra elementos da própria raça”.<br />

“Para Octávio Ianni, o feitor negro ou pardo não é<br />

uma contradição com a natureza do regime escravo, como<br />

pode parecer a uma análise superficial, mas uma alternativa,<br />

2547 A Negação da ordem Escravista, p. 78.<br />

2548 Segunda Viagem do Rio de Janeiro a <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> e a São Paulo, p. 51.<br />

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