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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

“Essas diversas raças se apresentam cruzadas e mescladas,<br />

com inúmeras variedades. É marcante heterogeneidade.<br />

Vários povos ou raças, em diferentes estágios de cultura<br />

ou graus de civilização, compõem a fisionomia étnicocultural<br />

do continente. Os principais grupos étnicos são: os<br />

bosquímanos, hotentontes, negros sudaneses, camíticos, bantos,<br />

negros nilóticos, semíticos e malaios polinésios. Eles povoam,<br />

os islamizados, o norte do Saara; os bantos e demais<br />

negros, o sul do Saara. Predominam, é certo, os produtos híbridos;<br />

porém formam duas Áfricas: a África Árabe e a África<br />

Negra” 641 .<br />

Evidente que esta África de nossos dias pouco tem a<br />

ver com a África dos séculos XVII, XVIII e XIX, quando<br />

nossos antepassados negros foram trazidos em maior escala<br />

para o Brasil. Se aqui muito de sua cultura se perdeu, o mesmo<br />

ocorreu na África, no que concerne aos povos mais humildes,<br />

pois lá também vigorou até recentemente a escravidão<br />

e o colonialismo total. Assim, não vejo sentido em se tentar<br />

localizar nossas raízes culturais na África de hoje, como têm<br />

feito alguns grupos culturais. Aquela cultura africana, vamos<br />

encontrá-la, com certeza, é na própria cultura brasileira e nas<br />

entrelinhas da história que, num determinado momento, passou<br />

a escamotear esses traços. Porém, desconhecer por completo<br />

as raízes ancestrais negras, como temos feito, em geral,<br />

em relação à África, só pode redundar na nossa grande ignorância<br />

acerca dos povos e raças africanas, tanto de hoje, como<br />

do passado.<br />

Apesar da violência colonial e da alteração de fronteiras<br />

políticas, fala Castro Carvalho de nações que ainda vibram<br />

“na sua íntima e consciente independência de fato: Yorubá,<br />

Ewe, Fulani, Bantu, Mende, Kiyuku, quase quinhentas nações<br />

que escapam ao conceito ocidental do termo mas que, não<br />

obstante, readquirem a dignidade humana” 642 .<br />

641 África Contemporânea, p. 19.<br />

642 África Contemporânea, p. 12-13.

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