13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

170<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

século XVIII. Até hoje verifica-se, na África, que o maometanismo<br />

predomina muito mais nos países de povos sudaneses e<br />

de outras nações; em Angola e Moçambique, por exemplo,<br />

predomina o cristianismo relativamente à religião do Islã. Por<br />

esta razão, concordamos, neste ponto, com o prof. Waldemar<br />

de Almeida Barbosa:<br />

“Essa predominância de bantos, em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, explica<br />

muita diferença de mentalidade entre os escravos de<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> e os da Bahia. Por isso mesmo, a observação<br />

de Renato Mendonça, com relação à macumba, cabe perfeitamente<br />

a centros como a Bahia, mas ninguém a registrou em<br />

<strong>Minas</strong>” 452 .<br />

Realmente, Cunha Matos, em 1835, sobre os costumes<br />

de Angola registrou que “O povo miúdo diz que é cristão; usa<br />

de bentinhos, verônicas, rosários, breves de Marca, cruzes<br />

etc. e contudo isto também usa unhas e dentes de certos animais<br />

e penas de outros a que atribuem virtudes maravilhosas.<br />

Esta população não deixa de ir à missa; jejua nos dias de<br />

abstinência; confessa-se todos os anos; tem os seus oratórios<br />

com as imagens de Cristo e de Santos e ao pé delas, e talvez<br />

com maior veneração alguns ídolos ou quiteques 453 , e os feitiços;<br />

celebram seus quicumbes, seus lambamentos, (...) tem as<br />

suas casas de uso as suas carpideiras, os cantos, danças e<br />

banquetes dos mortos” 454 .<br />

Se os grupos bantu não cultuavam as divindades sudanesas,<br />

tinham porém os seus cultos animistas e recorriam aos<br />

seus mortos. E os “(...) seus deuses principais são Quibuco 455 ,<br />

Matumba Calumbo e Lamba Lianquita. O Quibuco é o deus<br />

das riquezas; o Mutacalumbo é o da caça 456 ; e o Lamba Li-<br />

452 Negros e <strong>Quilombo</strong>s em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, p. 15.<br />

453 Yeda anotou quiteco em seu Falares Africanos na Bahia, p. 327.<br />

454 Compêndio Histórico das Possessões de Portugal na África, RJ, 1963, p. 335.<br />

455 Segundo Aurélio é “Inquice correspondente ao Xangô dos iorubas”; segundo Yeda, é o mesmo que quibu-<br />

ro, ou seja, nome de Zazi, o que mete medo.<br />

456 Yeda anotou Mutacalambô, Mutacuzambê e Mutacuzambô, o arco sagrado, já que mutaca é arco e flecha,<br />

ferramentas de Matacuzambê, em Falares Africanos na Bahia, p. 294.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!