QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
e os costumes palmarinos revelam enorme (quase total) influência
banto 2480 .
Gentalhas, pretos e imigrantes do Centro-Oeste, Sul,
Sudoeste de Minas e do Nordeste de São Paulo, escutai: Depois
de Palmares, a maior, a mais brava e heróica república
quilombola brasileira se chamou Campo Grande!
Tenho como certo que, após a frustração da Inconfidência
dos Escravos de 1719, esse movimento, adubado pelo
sangue de seus mártires, ganhou os sertões mais distantes,
com a adesão da gentalha desclassificada e de negros e pardos
forros e livres.
Em meados de 1720, já floresciam povoados e mais
povoados dessa gente humilde que, acolhendo a todos - principalmente
aos escravos fugidos - minerava e plantava suas
roças na região dos atuais municípios de Entre Rios de Minas,
São Brás do Suaçuí e Queluzita (Susuhy e Peropeba), além da
região compreendida entre os atuais municípios de Carmo da
Cachoeira, Nepomuceno, Santana da Vargem, Perdões, Bom
Sucesso, Três Pontas, Martinho de Campos (distrito de Pontalete),
Campos Gerais, Cristais (Primeira Povoação do Ambrósio),
Formiga e Arcos, entre outros.
Muitos pretos forros, a partir de 1725 (ameaça de perda
do acesso aos serviços públicos, restrições nas milícias
etc.) e de 1735 (feitos contribuintes no sistema tributário da
capitação), na medida em que foram perdendo o entusiasmo e
vendo-se cidadãos de última categoria, procuraram os territórios
paulistas - onde não havia o imposto da capitação - e foram
se agregando a facinorosos paulistas e a pretos escravos
fugidos, num processo de quilombolização perante às novas
leis agravadas ou produzidas por Alexandre de Gusmão, Martinho
de Mendonça e Gomes Freire de Andrade.
Abertas as picadas em 1736, os homens-bons puderam
constatar que a gentalha e os pretos já se encontravam instalados
naquela mesopotâmia de rios auríferos, terras férteis e
2480 Falares Africanos na Bahia, de Yeda Pessoa de Castro, 2001, p. 66-67.
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