QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
chamado Manoel de Sá Pereira de uma escrava dele suplicante,
chamada Jerônima, nacional das sobreditas Minas,
tendo o dito filho do suplicante a idade de quatorze anos,
pouco mais ou menos. E porque o suplicante nunca teve filhos
do matrimônio e não tem pais vivos, pretende portanto que V.
Majestade se digne legitimar o mesmo filho que o suplicante
teve no tempo de casado, para que seja seu herdeiro universal,
visto não ter ascendentes, nem descendentes, ser certa a
filiação e não haver vínculos a cujo respeito se possa questionar
a competente sucessão.
Pede a S. Majestade, se digne conceder a dispensa e legitimação,
ordenando se passe carta, na forma costumada”
2515 .
O português Manoel Rodrigues Pereira, morador do
Paraopeba, que tivera com sua escrava, a mulata Tereza, os
filhos mulatos Tomás de Aquino Pereira e Maria Joaquina,
tratou de libertá-los e legar-lhes o valor de 35 mil cruzados
através de um tabelião do Rio de Janeiro em 7 de maio de
1736. Falecido o pai, os forros tiveram que buscar em Lisboa
a legalização de seus estados e herança, o que conseguiram
somente após 8 de fevereiro de 1771 2516 .
Este mesmo pardo forro Tomás de Aquino Pereira,
que talvez já se julgasse branco, aparece em 27 de maio de
1785 como capitão da Ordenança de Pé do distrito da Ribeira
de Setúbal, do termo da Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso
de Minas Novas de Araçuaí, solicitando a dona Maria I
o favor de o confirmar no exercício do referido cargo 2517 .
Os pardos forros não desistiam da busca de um espaço
na sociedade branca. A reação branca, porém, não se descuidou
de colocá-los sempre no lugar de potenciais inimigos dos
brancos e do Estado.
2515 Verbete nº. 8506 do IMAR/MG, Cx. 109, Doc. 24 - 13 de março de 1773 – AHU.
2516 Verbete nº. 7891 do IMAR/MG, Cx. 100, Doc. 23 - 26 de fevereiro de 1771 – AHU.
2517 Verbete nº. 9467 do IMAR/MG, Cx. 123, Doc. 46, AHU.