QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Freire. Este, imediatamente, escreveu aos juízes e vereadores
de São João Del Rei e ordenou-lhes “que devem, sem demora
expulsar do distrito, sem disputa pertencente a essa comarca,
ao dito Lustosa, indo, para este efeito, à dita paragem, um
dos juízes ordinários, vereadores e mais oficiais que a vv.
mercês parecer, com o número maior de moradores e capitães-do-mato
1312 que se puderem juntar, e, quando haja algumas
pessoas que entendem impedir a expulsão do dito de sua
jurisdição, mas remeterão vv. mercês, presas com segurança,
à cadeia desta vila, à minha ordem (...)” 1313 . Como se vê,
Gomes Freire passou entender que também a margem esquerda
do rio Sapucaí devia pertencer às Minas Gerais.
A 21 de maio de 1746, lá foi toda a força administrativa,
judicial e bélica da Comarca do Rio das Mortes. Lustosa dominava
toda a região, mas se arranchara na margem esquerda
do Sapucaí, sediando seu governo no Povoado de Santana do
Sapucaí, hoje Silvianópolis, para onde passara a maior parte
da população de Campanha.
Os reinóis tentaram a travessia do rio, mas não encontraram
nenhuma canoa; Lustosa mandara retirar todas. Postou-se
à frente de seus homens, na outra margem do rio 1314 . Os reinóis
pediram passagem e disseram que tinham ordens de Gomes
Freire. Lustosa os ameaçou e disse que também tinha ordens
de dom Luiz Mascarenhas, governador de São Paulo. Os
reinóis pediram que mostrasse as ordens e este negou, alegando
segredo de governo. Os reinóis meteram o rabo no meio
das pernas e voltaram para São João Del Rei 1315 .
Ao relatar esse fato no processo administrativo em que
reivindicava a extinção da Capitania de São Paulo, Gomes
Freire reproduziu o relato dos oficiais da Rio das Mortes, que
“Por sua ordem e por obrigação dos nossos ofícios fomos lo-
1312 Que, pela regulamentação da Lei de 1741, Gomes Freire podia assalariar e pagar com os bens das câma-
ras e até dos camaristas das vilas.
1313 Revista do Archivo Público Mineiro - ano XXII, 1928, p. 165.
1314 Que teria passado a se chamar “Ouro Fala”.
1315 Revista do Archivo Público Mineiro - ano XXII, 1928, p. 165.