QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Em 1821, os percentuais de brancos e pretos (livres,
forros e escravos) eram bem semelhantes aos de 1775:
25.49% e 74.51%, respectivamente. A população branca, em
relação aos números de 1775, cresceu em 75%; a população
de negros e pardos (forros, livres e escravos), no mesmo período,
aumentou somente 56%.
A população escrava em relação aos livres/forros que,
no início da formação do povo mineiro, seria de cerca de 20
escravos para cada 1 livre/forro, ou seja, de 95%, continuou a
sua tendência de queda no período de 1786 até 1823, registrando
declínio de 47.9% a 27.0%, o que comprova o grande
número de alforrias. Esta tendência de queda é paradoxal em
relação ao aumento das importações de novos escravos que se
registrou a partir de l720 e chegou aos maiores picos (entre 20
e 22 mil escravos por ano 2474 ) a partir de 1791, o que ratifica
mais ainda a facilidade do negro mineiro conseguir a sua alforria
e de morrer cedo, dada a dureza do trabalho nas minas.
A partir de l731 a importação de “angolas” (na verdade,
de bantus) passou a ser o dobro da de “costa da mina” (sudaneses
em geral), de forma que, entre 1701 e 1801, do total
importado de 1.891.400, apenas 32% seriam negros sudaneses,
contra 68% de bantus 2475 .
Em 1719, justificando sua crença no perigo de uma revolta
de pretos, Assumar atribuía a ousadia dos mesmos à
“sua mesma multidão e o pouco número de brancos a seu
respeito”. (Vinte ou trinta negros para cada branco 2476 ). Aliás,
em 1718 já manifestara “o receio de vir a ter aqui um
Palmares de Pernambuco”.
A Inconfidência dos Escravos sufocada em 1719 teve
seus heróis e mártires e é, pela sua motivação nobre e pela ousadia,
tão importante para a historia do povo preto de Minas
Gerais como a Inconfidência Mineira. Assumar, quanto ao
2474 A Devassa da Devassa, p. 290 a 291.
2475 A Devassa da Devassa, p. 290 a 291.
2476 Documentos Interessantes – Arquivo do Estado de São Paulo, v. LIII, 1674-1720, p. 191-195, citando v.
de 1718 a 1720, fls. 182, do Arquivo do Conselho Ultramarino, Consultas do Rio de Janeiro.
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