QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Os registros de matrícula compilados no Códice Costa
Matoso mostram os seguintes números:
Ano 1 a . Matrícula 2 a . Matrícula Média diferença
1 a ./2 a .
1746 92.628- 90.772- 91.700- 1.856-
1747 87.970+ 89.373+ 88.671+ 1.403-
Diminuição 4.658- 1.399- 3.029- 3.259-
Os números acima se referem a escravos que pagavam
e deixaram de pagar a capitação de 1746 para 1747, sendo
a diferença entre a segunda matrícula de 1746 e a primeira
de 1747, de 3.887 escravos, descontado o “sertão” que só se
contabiliza na segunda matrícula.
Essa queda crescente se manteve até o fim da capitação,
cujos números finais, em oitavas foram: 1746 – 535.666
8vas. 1484 ; 1747 – 525.418 8vas.; 1748 – 511.528 8vas.; 1749 –
509.692 8vas 1485 .
Os números das matrículas nas Minas de Goiás, Mato
Grosso e mesmo na Demarcação Diamantina não apresentaram
qualquer crescimento nesse mesmo período. E o pior, o
número de escravos novos entrados nas Minas nesse período
aumentou. Segundo estimativa de Maurício Goulart, a entrada
de negros que fora de 166.100 na década de 1731-1740, cresceu
para 185.100 na década de 1741-1750, caindo na década
de 1751-1760 para 169.700 negros 1486 .
Como explicar o aumento da entrada de escravos e a
diminuição de escravos matriculados? A nossa tese é a de que
grande parte desses escravos “sumidos” das listas pertencesse
a brancos pobres e pretos forros adimplentes com a capitação
que, por se encontrarem em meio aos sonegadores aquilombados
no Campo Grande, foram mortos ou, vivos e inadimplentes,
não puderam mais voltar para as vilas oficiais.
Segundo declarou o próprio marquês de Pombal,
verdadeiro terror teria se implantado de 1748 para 1749: “que
1484 A expressão “8vas”, quer dizer oitavas, onde a oitava é antiga unidade de medida de peso, no caso peso
de ouro, equivalente a 1/8 da onça (1), ou seja, 3,586 gramas; dracma.
1485 Códice Costa Matoso, v. 1, p. 412-415.
1486 A Devassa da Devassa, 1995, 4a. edição, p. 290-291.
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