QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
ram atrás das serras ao sul, porque eles também preparavam
suas queimadas que agora iniciavam.
Os tapejaras de Bartolomeu desviaram a tropa do fogaréu
que ardia à margem direita do ribeirão do Zundum, atravessaram
esse ribeirão e encarapitaram a tropa morro acima
de onde se via, morro abaixo, o quilombo do Zundum com
suas casinhas desertas.
Após firmada a queimada, os quilombolas iniciaram
ali no vale um batuque alegrado com cachaça e alguma comedoria.
Viram, num de repente, ardendo e devoradas pelo fogo,
as suas casas. Cataram cuias, bateias e gamelas, atravessaram
o ribeirão e saíram levando dedais de água para tentar apagar
o inferno.
Os capitães-do-mato de Bartolomeu desceram do mato
escuro, pegando por trás os quilombolas que estavam ofuscados
pelo fogo, e os passaram todos no fio da catana, na ponta
dos chuços e dos paus de ponta tostada. Depois da carnificina,
campearam e prenderam as mulheres e crias, roubando dos
pretos e até dos brancos mortos as roupas, o ouro e as orelhas,
deixando-os pelados à beira do ribeirão, em banquete aos urubus
2163 .
O mapa do capitão França registrou que o Zundum tinha
80 casas, o que corresponderia a uma população de 480 pessoas.
Há notícia da posse, inclusive eclesiástica, do Zundum.
Portanto, aqui também o padre João Correia de Melo deve ter
celebrado todas as cerimônias da praxe de seu cargo de representante
de Mariana.
Após mais esta carnificina, a tropa contornou a serra do
Zundum, a oeste, acampando e descansando por um dia todo
às suas fraldas norte. Ao entardecer, a tropa rumou para as
nascentes do córrego das Pedras e buscou, a nordeste, a sua
barra no ribeirão de São João. E rente à margem direita deste
2163 Vide desenho “a destruição do Quilombo” de Luiz Antonio Novelli, in Monte Santo de Minas, p. 21.