13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

180<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

A criação de Diogo de Vasconcelos e, hoje, a mistificação<br />

da figura de Chico Rei por Agripa de Vasconcelos - diga-se<br />

de passagem, um verdadeiro “samba-histórico do crioulo<br />

doido” - salvo melhor juízo, têm, no caso mineiro, interesse<br />

e utilidade certos: inculcar a falsa idéia de que o negro é<br />

mesmo um ser submisso e de que só pode ser vencedor se obedecer<br />

a regra do jogo imposta pelos brancos.<br />

Ora, tendo existido em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> um rei negro de<br />

verdade, chamado rei Ambrósio, que reinou de verdade por<br />

mais de 20 anos em uma confederação de quilombos, por que<br />

escondê-lo como o faz a nossa historiografia e criar um reilenda,<br />

um rei-de-mentira, como é o caso de Chico Rei ?<br />

Chega a ser ridícula, também, a associação dessa nãohistória<br />

e não-lenda ao surgimento da Festa do Rosário em<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, já em pleno século XVIII.<br />

O malungo R. Joviano 483 encontrou estatutos e composição<br />

da mesa da confraria paulistana, comprovando documentalmente<br />

que a irmandade e suas festas já eram uma realidade<br />

em 1711, portanto, contemporânea e igualzinha às irmandades<br />

de Vila Rica. O ermitão de Nossa Senhora do Rosário<br />

dos Homens Pretos de São Paulo, inclusive, andou pelas<br />

capitanias de São Paulo e de <strong>Minas</strong> tirando esmolas para a irmandade,<br />

chegando a juntar dez mil cruzados 484 .<br />

Quanto à existência do culto, remontou-a, documentalmente,<br />

aos primórdios da civilização brasileira:<br />

“(...) mando que se dê à confraria de Nossa Senhora<br />

do Rosário lhe darão de minha fazenda 1 cruzado e os mordomos<br />

mandarão dizer uma missa rezada que com esta condição<br />

lho deixo o dito cruzado. Agosto de mil quinhentos e<br />

noventa anos. Garcia Leme”. Grifos, nossos.<br />

“Declaro que mando que me rezem cinco missas a<br />

Nossa Senhora do Rosário. Paulo Fernandes - 1614”.<br />

483 Em seu livro, Rosário dos Homens Pretos de São Paulo.<br />

484 Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, p. 33 a 43.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!