QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

696
QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Enquanto isto, a ânsia de Diogo Bueno em atacar logo
os quilombos que existiam “para as partes da Ibituruna” dava
motivo a mais explicações. A 5 de outubro de 1759 (sextafeira),
o governador escreveu ao juiz ordinário de São João
Del Rei:
“Lembrado estará v. mercê que há tempos me escreveu
a Vila Rica dizendo-me que os cunhados de Bartolomeu
Bueno se ofereciam a dar em um quilombo que tinham notícia
se achava para as partes da Ibituruna, por detrás da serra, a
que eu respondi me parecia que sem haver notícia de se haver
entrado em alguns dos quilombos a que foi o dito Bartolomeu
Bueno se não tivera outras cousas algumas, mas que sem embargo
propusesse Vossa Mercê em câmara o mesmo que me
dizia e com o que se sentasse me desse parte; pela carta que
junto remeto de Bartolomeu Bueno verá Vossa Mercê o primeiro
sucesso da diligência de que está encarregado e vendoa
Vossa Mercê e ouvindo sobre a dita matéria o cabo-deesquadra
Alexandre Rodrigues 1987 que mando a sua presença,
queira propor em câmara se com efeito será útil o entrarem
os cunhados de Bartolomeu Bueno por terras da serra do Ibituruna
a investigar o dito quilombo e que já se ofereceram, e
da sua determinação me dará Vossa Mercê parte para avisar
aos ditos que instantaneamente vão à dita diligência passando-lhe
para este efeito as ordens necessárias” 1988 .
Evidente que houve alguma razão para que o governador,
aos invés de escrever tudo como sempre fazia, neste caso,
tenha preferido mandar parte da mensagem verbalmente, através
do cabo-de-esquadra Alexandre Rodrigues 1989 . Esta razão
deve se referir a assuntos relativos ao “Quilombo do Sapucaí”,
afirmamos em nossa primeira edição e acertamos.
1987 Em 1768, este personagem obteve por compra feita a Pedro Frazão uma sesmaria na paragem chamada
serra da Ibituruna, termo da Vila de São José, Comarca do Rio das Mortes – in IMAR/MG, verbete nº. 7290,
Cx. 92, doc. 30 do AHU.
1988 APM SC 123, fl. 112v.
1989 Bartolomeu tinha um tio, irmão de seu pai Domingos, chamado Alexandre Rodrigues do Prado.