13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

934<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Eis que brada um peralta retumbante;<br />

- “Teu avô, que de cor era latente,<br />

teve um neto mulato e mui pedante!”<br />

Irrita-se o fidalgo qual demente,<br />

Trescala a vil cantiga nauseante,<br />

E não pôde negar ser meu parente!” 2567<br />

Gama era um pardo carregado e não perdoava os<br />

miscigenados que se pretendiam brancos:<br />

“Mulato esfolado<br />

que diz-se fidalgo,<br />

porque tem de galgo<br />

o longo focinho,<br />

não perde a catinga<br />

do cheiro falace,<br />

ainda que passe<br />

por bráseo cadinho”.<br />

E, justificando-se:<br />

“E se eu que “pretécio”<br />

d'Angola oriundo,<br />

alegre, jacundo,<br />

nos meus vou cortando;<br />

é que não tolero<br />

falsários parentes,<br />

ferrem-me os dentes,<br />

por branco passando” 2568 .<br />

Depois de malhar os barões, condes, fidalgos, deputados,<br />

senadores, doutores, seus alvos prediletos, sob as vestes<br />

do pseudônimo Getulino, o vate negro, com a poesia satírica<br />

“Quem Sou Eu”, recorda a todos nós brasileiros sobre a nossa<br />

incontestável mistura com os negros. Utiliza-se da palavra<br />

“Bode” com tríplice sentido: bode, por usar barbicha; bode,<br />

2567 Luís Gama e Suas Poesias Satíricas, p. 132.<br />

2568 Luís Gama e Suas Poesias Satíricas, p. 88.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!