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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

ambiente provinciano mineiro, com suas definidas realidades<br />

políticas, sociais e econômicas, não lhes era propício. Evidenciava-se<br />

então, de modo incontrastável, o predomínio político<br />

e econômico dos proprietários rurais sobre as populações<br />

urbanas e não seriam naturalmente esses proprietários<br />

os fautores do movimento de libertação. Tanto bastava para<br />

que não pudesse ele empolgar com êxito as populações provincianas.<br />

Além disso, sabia o arguto realismo político mineiro<br />

que não lograriam alcançar aqui sua finalidade barulhentos<br />

esforços emancipadores, porque o êxito do movimento dependia<br />

da aprovação de lei ou leis especiais pelo Parlamento<br />

e somente na Corte se poderia forçar os legisladores a tomarem<br />

essa decisão histórica” 2557 .<br />

Oíliam José tenta, magistralmente, demonstrar que os<br />

mineiros eram apenas realistas e não contrários à abolição. A<br />

meu ver, a explicação do não engajamento majoritário dos<br />

mineiros na luta abolicionista se deve a outras questões, também,<br />

muito lógicas: o “efeito pardismo” de sua população altamente<br />

miscigenada com negros fizera com que os “brancos”,<br />

pretos forros e livres se agarrassem com todas as forças<br />

ao tupiniquismo irreal, oco e postiço; assim, pretos, os havia<br />

tão-somente escravos; os livres, estes não eram pretos, eram<br />

orgulhosos descendentes da raça tupi! Assim, não tinham razão<br />

nenhuma para se solidarizarem com o movimento emancipador<br />

dos pretos. Além do mais, ser escravocrata era uma<br />

questão de patriotismo, pois, sem os escravos a nação padeceria<br />

da falta de braços, pensavam.<br />

Enquanto o povo brasileiro de todas as províncias participava<br />

ruidosamente de todos os movimentos emancipadores,<br />

os mineiros estavam mais preocupados em homenagear o<br />

escritor José de Alencar que lhes permitira conhecer a falsificada<br />

ideologia tupiniquista, a qual os salvara de serem pardos,<br />

permitindo-lhes a saída de terem uma “avó índia apanhada a<br />

laço” e, portanto, de serem bravos descendentes da raça tupi!<br />

2557 A Abolição em <strong>Minas</strong>, p. 99.

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