QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
quando se considera que é impraticável conservar Minas e
mineiros com rigores da tal capitação, o que é naturalmente
certo que os tais mineiros se hão de reproduzir e que as minas
se hão de fertilizar, desde que a este sistema de rigor se
seguir outro sistema de liberdade e sossego dos povos”. Além
do mais, devia-se sair dos cálculos dos gabinetes e fazer cálculos
políticos, pois “os quintos cobrados como hoje se cobram
não é na realidade lucro e aumento dele, mas sim jactura
intolerável da Coroa e do reino: pois que gravando, vexando
e contribuindo os mineiros e habitantes das Minas além
das suas faculdades, por uma parte, impossibilita com esta
má forma a muitos que estão de fora para entrar nelas; por
outra parte, impossibilita igualmente os que estão dentro delas
para continuarem os grandes serviços e para empreenderem
os novos descobertos e, por outra parte, jugula os outros
referidos interesses que acabo de indicar”.
Argumenta que “se as Minas se esterilizassem é certo
que, sem elas, cairiam ao mesmo passo as povoações que elas
ocasionaram e, sem ela, desertariam os seus habitantes e faltaria
com eles, ao Brasil, a sua principal segurança e se seus
mineiros não tivessem com que comprar escravos, fazendas e
mantimentos; se da abundância fazem reduzidos a miséria,
nem destes reinos se haviam de remeter para o Brasil, por
falta de quem nele tivesse 1643 os meios de comprá-las, fazendas
bastantes para sustentarem os rendimentos dos contratos
(...); nem os ofícios da justiça e fazenda produziriam coisa
que fosse atendível e, muito menos, necessário para renderem
as serventias e terças partes deles, tão importantes somas;
porque não têm rendimentos semelhantes ofícios aonde são
miseráveis os povos; ultimamente até os mesmos quintos viriam
a faltar por falta de meios desde que se extinguisse o ouro
das terras já bulidas ou das faisqueiras e também por falta de
quem os pagasse desde que as ditas vilas, lavras e faisqueiras
deixassem de pintar porque ninguém conservaria negros para
1643 Rolo 48, p. 527-a.
571