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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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920<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

las tornando-se insolentes e perniciosos ao convívio com os<br />

de sua raça e escravaria” 2550 .<br />

Não tenho dúvida de que este era, basicamente, o pensamento<br />

dos homens-bons do século XVIII. Assim, um pardo<br />

forro tinha que fazer o possível e o impossível para não ser<br />

um pardo forro. Era preciso pensar igual aos homens-bons;<br />

era preciso mostrar o predomínio da metade branca sobre a<br />

metade negra que tinha; era preciso, a todo custo, anular, negar<br />

e esconder essa incômoda metade negra.<br />

Em 1821, 29 anos depois da execução de Tiradentes,<br />

as cinco comarcas das <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> tinham uma população<br />

total de 514.108 habitantes, sendo, 201.179 (60,56%) livres<br />

contra 181.882 (35,37%) escravos.<br />

Entre as 201.179 pessoas livres havia 149.635<br />

(45,04%) mulatos e 51.544 (15,52%) negros, totalizando<br />

201.179 (60,56%) pretos, contra 131.047 (39,44%) brancos<br />

2551 .<br />

Como se vê, em 1826, os forros eram 60,56% da população<br />

livre. Somados aos escravos, montavam a 74,51% do<br />

total populacional. Pede-se ao leitor que preste atenção nesses<br />

números e reexamine os fatos da Inconfidência Mineira e da<br />

própria escravidão em <strong>Minas</strong>.<br />

Outra fonte mostra esses números ao que parece, maiores:<br />

em 1776 e 1821 os percentuais da população total de<br />

pretos versos brancos já eram 77.9% versus 22,1% e 74,5%<br />

versus 25,5%, respectivamente 2552 .<br />

Somente o “efeito pardismo”, indutor do colaboracionismo<br />

e da adesão ao sistema escravista, pode explicar a submissão<br />

de pardos e negros libertos e a vigorosa perpetuação<br />

do escravismo pelo século XIX adentro nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>.<br />

2550 Sesmaria – Cruzeiro, o <strong>Quilombo</strong> das Luzes, p.16-17.<br />

2551 A Devassa da Devassa, p. 300-301.<br />

2552 A Devassa da Devassa, p. 301.

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