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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

Dizem que não adiantava tapar os ouvidos, pois os horrendos<br />

gritos, choros, clamores, imprecações, burburinhos e<br />

vozes loucas de dor vinham de todos os lados e até mesmo do<br />

fundo da terra que, engolindo prédios inteiros, vomitava o fogo<br />

e os sons dos infernos<br />

Calcula-se que naquele maldito dia e seqüentes teriam<br />

morrido em Lisboa, de 10 a 15 mil pessoas, números talvez<br />

bem menores do que os do genocídio que Gomes Freire e seus<br />

asseclas praticaram entre 1735 e 1746 nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, afora<br />

o novo genocídio que cometeriam nos próximos anos 1758-<br />

1760.<br />

Todos esses acontecimentos de Lisboa em nada amenizaram<br />

o racismo, a inveja, a ganância e a falta de solidariedade<br />

reinol nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>.<br />

Em 3 de dezembro de 1755, “novamente expõem na presença<br />

de V. Majestade Fidelíssima, os oficiais da câmara da<br />

cidade de Mariana”, denunciando “a desenvoltura como vivem<br />

os mulatos, sendo tal, a sua atividade, que não reconhecendo<br />

superioridade nos brancos, se querem igualar a eles,<br />

faltando-lhes com aquelas atenções, que a baixeza do seu<br />

nascimento lhes permite, trajando galas e ostentando ornamentos<br />

que são impróprios aos seus estados, dissipando em<br />

breves tempos copiosas heranças que adquirem talvez de seus<br />

supostos pais, por ser indecisa e suspeitosa a certeza de que<br />

sejam - pela relaxação e desenvoltura em que vivem as mães,<br />

estando pela vileza de sua natureza prontas a todo o interesse,<br />

dando os filhos, que pelo ato pecaminoso adquirem, ao<br />

que mais lhe franqueia a conveniência, mudando-os de uns a<br />

outros pais, conforme o estado em que os conserva a fortuna,<br />

ocultando os que verdadeiramente o são, por respeito do senhor<br />

em cuja casa assistem, ou outro qualquer por cuja conta<br />

estão (se é que a multiplicidade de suas maldades lhes permite<br />

esse conhecimento) no que se verifica por muitas vezes darem<br />

a luz filhos com diferente cor do que antes afirmavam<br />

ser, como mostram tantos exemplos oculares que cada dia se<br />

experimenta”.

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