QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
– trazendo apenas o fragmento de uma única folha da carta
que Gomes Freire escreveu ao rei em 8 de agosto de 1746,
iniciando um fluxo ou processo administrativo (totalmente
mutilado) após ter passado pelo vice-rei sediado na Bahia.
Tributaristas e curiosos da época apresentaram secretamente
doze sugestões de fórmulas tributárias, destacando-se a
pulverização da capitação no imposto das entradas de mercadorias
e até mesmo a sua transformação numa espécie de seguro
obrigatório contra a fuga de escravos. Para ilustrar suas
propostas os autores abordaram fatos gerais e até mesmo o extermínio
de um quilombo em 1714. Mas, nada falaram sobre a
guerra que em 1746 Gomes Freire mandou fazer ao Campo
Grande 1611 .
Em 30 de agosto de 1748, instado pelo conselheiro Manoel
Antônio de Azevedo Coutinho – sob inviolável segredo –
para que falasse sobre as várias propostas tributárias de substituição
da capitação, Gomes Freire se defendeu das acusações
das câmaras onde, ofendido em sua arrogância, argüiu que
“Alguns papéis insultam meu procedimento, (...)” com “falsidades
e calúnias e imposturas com que atacam a minha honra
e virtudes”, onde, apesar da imposição de sigilo, pede para
responder “na parte que me insultam os ditos papéis com as
provas que entender precisas”. É neste documento que tenta
atribuir somente a Martinho de Mendonça, que teria morrido
em 1743 1612 , os crimes que ambos cometeram para intimidar o
povo e implantar a capitação. A imposição de segredo referese,
porém, ao fato de se estar discutindo sobre a extinção da
capitação e sua substituição por outro sistema tributário. Mas,
nada lhe foi perguntado sobre a guerra que em 1746 mandou
fazer ao Campo Grande 1613 .
Desde que percebeu que a capitação seria mesmo abolida,
Gomes Freire passou a usar de todo o seu gênio para in-
1611 Códice Costa Matoso, v. 1, p. 429-621.
1612 Códice Costa Matoso, v. 2, p. 56.
1613 Verbete nº. 4241 do IMAR/MG, Cx. 52, Doc. 52 do AHU.
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