QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Por tudo isto, pediram, de novo, que os mulatos “não devem
ser herdeiros” e sugeriram que S. Majestade até lhes dê
alguma coisa de esmola, mas que a fortuna dos seus supostos
pais falecidos não seja entregue aos pardos supostamente herdeiros,
“ficando assim na eleição do testador a repartição do
mais, que se deve supor o fará por obras pias e parentes pobres,
que serão do mais agrado de Deus segundo a necessidade
que muitas vezes estes ficam padecendo, faltando-lhes
para o sustento corporal os desperdícios que os mulatos gastam
em superfluidades e ofensas de Deus” 1726 .
Enquanto isto, em Lisboa, em 23 de dezembro de 1755
(o terremoto ocorrera em 1 o de novembro de 1755) já na qualidade
de “agente e procurador garante 1727 ” dos “melhores
escravos e melhores vassalos” do rei de Portugal, “os homens
crioulos, pretos e mestiços forros moradores nas quatro comarcas
das Minas Gerais do Ouro”, José Inácio Marçal Coutinho,
trazendo-os “todos juntos e cada um de per si in solidum,
unânimes e conformes, com todo o devido acatamento”
e também em seu próprio nome, sendo ele um “capitão da
companhia chamada a dos forros, criada há mais de 30 anos
na Comarca do Rio das Mortes”, impetra uma representação
colocando todos aos pés do rei, para exercitar o recebimento
de suas petições anteriores.
Confirma que ele e seus representados esperam “a confirmação
do que pretendem, para maior honra a Deus, serviço
a Vossa Majestade, bem comum dos moradores daquele
país, honra dos suplicantes e se abalizarem no real serviço de
seu senhor Príncipe Soberano para quem, a todo o risco, querem
expor as vidas de presente, de futuro, ainda que corra a
notícia dos novos régulos e levantados nas terras místicas das
1726 Verbete nº. 5571 do IMAR/MG, Cx. 68, Doc. 98, do AHU.
1727 Iniciam-se aqui os textos extraídos do documento encontrado em Cx. 69, Doc. 5 do AHU – Verbete nº.
5647 do livro Inventário dos Manuscritos Avulsos Relativos a Minas Gerais Existentes no Arquivo Histórico
Ultramarino (Lisboa) – IMAR/MG do AHU.
607