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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

O escravismo, como ideologia político-econômica, tinha,<br />

necessariamente, que desmoralizar, como desmoralizava,<br />

o trabalho livre. O sistema tributário da capitação, no entanto,<br />

viu nos forros importantes contribuintes e instituiu, assim, estupenda<br />

contradição ideológica: “Como a maior parte dos negros<br />

e mulatos forros trabalham em ofícios mecânicos (...) sejam<br />

espoliados das <strong>Minas</strong> e se pode recomendar ao governador<br />

não consinta vadios e os obrigue a servir na lavra das<br />

terras ou (...) nos ofícios mecânicos e que não (...)” mudem<br />

“(...) este modo de vida” 834 .<br />

As verdadeiras razões da pecha de vagabundos que até<br />

hoje atribuímos a nós mesmos são óbvias; se não as enxergávamos<br />

é porque a nossa historiografia havia extirpado vários<br />

elos da corrente de nossa História.<br />

Teixeira Coelho em Instrução, escrito em 1780, deixa<br />

evidente de onde veio a nossa fama de vagabundos, contrapondo-nos<br />

ao trabalhador europeu chegado no Brasil depois<br />

de 1870. Tudo aquilo era conseqüência da ideologia escravista<br />

a que fomos submetidos por mais de três séculos: “Não há na<br />

Capitania de <strong>Minas</strong> um homem branco, nem uma mulher<br />

branca que queiram servir; porque se persuadem que lhes fica<br />

mal um emprego, que eles entendem que só competem aos<br />

escravos. (...) Esta presunção e ociosidade dos brancos se<br />

tem transferido aos mulatos e negras, porque uma vez que<br />

são forros não querem trabalhar e nem servir, e como a necessidade<br />

os obriga a procurarem as suas subsistências por<br />

meio ilícitos - se precipitam os homens e as mulheres, cada<br />

um nos vícios que correspondem aos diferentes sexos” 835 . Grifos,<br />

nossos. Portanto, preconceituosos contra o trabalho pelas<br />

próprias mãos eram os reinóis e os mazombos, cuja vaidosa<br />

elitização do ócio a contradição escravista repassou aos forros.<br />

834 Verbete nº. 1727 do IMAR/MG, Cx. 22, Doc. 41, do AHU, confirmando a informação da dra. Laura.<br />

835 Revista do Archivo Público Mineiro, v. 8, p. 561.<br />

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