QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
O Movimento Negro e os artistas a ele ligados cometeram
um grande e induzido equívoco ao assumir a tal Xica como
um dos símbolos dos negros; aliás, o equívoco chega a ser
ridículo, pois Xica encarnou o despotismo, o desprezo, o ódio
e a falta de solidariedade para com os negros e pretos em geral,
sendo uma legítima representante do que chamamos de
“efeito pardismo”, ainda hoje existente no Brasil.
Os melhores capitães-do-mato, na opinião dos dominantes,
segundo se depreende de documentos da época, seriam
os índios 2542 . Porém, por falta de uma população mais
considerável destes na Capitania das Minas Gerais, esse “cargo”
foi mais alcançado por pretos que, para isto, tinham todo
o incentivo dos governos.
A falta de solidariedade foi cultivada e curtida desde
há muitos anos. Em 4 de fevereiro de 1715, foi publicado por
dom Braz Baltazar da Silveira o primeiro regimento dos homens-do-mato,
criando a profissão e propiciando, aos pretos,
forros ou escravos, se fazerem “respeitados” e ganharem bom
ordenado através das várias espécies de tomadias.
“Em 7 de maio de 1716 um adendo a esse regimento
determinou que 'qualquer pessoa que apanhasse negro fugido
sem embargo de não ser capitão-do-mato tivesse o mesmo salário'
que para estes era determinado” 2543 .
Em bando de 20 de dezembro de 1717, estabeleceu o
governador dom Pedro de Almeida e Portugal:
“(...) toda pessoa que quiser atacar os quilombos de
negros fugidos o possa fazer, sem impedimento algum, levando,
para isso, as armas que forem necessárias, trazendo as
cabeças de todos os que resistirem, sem que os senhores dos
quilombolas possam reclamar coisa alguma, visto o dano público
que causam. Os que forem presos vivos deverão ser trazidos
à presença do governador para serem justiçados. Quem
2542 Uma proposta anônima de um seguro contra fuga de negros, de 1751, tinha como principal premissa o
estabelecimento de aldeias-milícias de tapuios para perseguir os negros fugidos; nunca foi aprovada essa pro-
posta. Códice Costa Matoso, v. 1, p. 534-536.
2543 A Negação da ordem Escravista, p. 29.
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