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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

dia 489 . Registra que em Moçambique havia uma Igreja grande<br />

dedicada a Nossa Senhora dos Remédios 490 .<br />

A verdade, portanto, está mesmo com R. Joviano: “As<br />

devoções a São Benedito, a Nossa Senhora do Rosário já vieram<br />

prontas do Congo Africano, por obra dos missionários<br />

europeus, principalmente portugueses. Proliferaram no Brasil,<br />

pois as irmandades e confrarias dos negros, as festas de<br />

coroação dos reis etc. É que, assim ninguém os perseguia.<br />

Também não desconfiavam que sob a proteção de Nossa Senhora<br />

do Rosário estava a devoção a Iemanjá e tutelado por<br />

São Benedito executava-se todo o mágico preceito dos cultos<br />

aos Deuses-Orixás” 491 . Quanto a esta última parte, achamos<br />

cabível somente no que concerne aos negros sudaneses.<br />

Os compromissos (estatutos) das confrarias de Pretos<br />

do Rosário, pode-se dizer, no Brasil todo, datam do início do<br />

século XVIII e são todos iguais, parecendo cópias uns dos outros.<br />

Assim o são os de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Goiás<br />

e, mesmo em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, os do Tijuco e os da Vila do<br />

Príncipe. Fica evidente que, nessa época, constatando a identificação<br />

dos negros com esse culto, a Igreja homogeneizou as<br />

suas cerimônias e o regulamentou por escrito, criando e prestigiando<br />

as confrarias que, sem dúvida, funcionavam como<br />

mais um mecanismo de controle ideológico sobre os escravos<br />

e forros. Depois, essas confrarias foram se multiplicando -<br />

também dentro de uma política de interesse do controle social<br />

- subdividindo-se em irmandades de brancos, de pardos, de<br />

pretos e de crioulos, bem como, pelo orago 492 principal, tais<br />

como das Mercês, São Benedito, Santo Elesbão, Santa Ifigênia<br />

etc. Porém, todas elas, sem exceção, surgiram de dissidências<br />

das confrarias do Rosário; todas elas continuaram com<br />

suas festas, danças, eleição de suas mesas e coroação de seus<br />

reis.<br />

489 Compêndio Histórico das Possessões de Portugal na África”, p. 315 e 346.<br />

490 Compêndio Histórico das Possessões de Portugal na África”, p. 358.<br />

491 Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, p. 31.<br />

492 Santo da invocação que dá o nome a uma capela ou templo.

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