QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
beirão Conquistinha, e ainda nos córregos das Almas, Cafundó
e outros descobertos até a Ibituruna, que cessassem toda a
mineração e se dirigissem todos para a Conceição de São Pedro
de Alcantra do Jacuí, onde deviam se apresentar ao tenente
Domingos Rodrigues da Silva para registro dos seus nomes
e notícias dos descobertos em que estavam a lavrar. O cabo
Alexandre Rodrigues aviou três esquadras e foi cumprir a obrigação.
Ainda mais um dia permaneceu Bartolomeu no arraial de
São João que ficou evacuado de seu povo. Mesmo quem,
vindo dos descobertos, passava para a Conceição do Jacuí,
preferiu derivar a norte ou a sul do povoado, de modo a não
topar com Bartolomeu Bueno e seus assassinos, bem como,
para não pisar na terra fofa onde os pretos forros roceiros foram
martirizados e plantados na Boa Vista, que ninguém mais
queria ver, pois até quem viu pediu a Deus para esquecer.
Bartolomeu mandou esparramar a notícia de que a guerra
tinha acabado. Mandou entregar os poucos prisioneiros e as
muitas negras e crias para o tenente Domingos Rodrigues da
Silva na Conceição de São Pedro de Alcantra do Jacuí. Ao
dia seguinte iria com o cabo Alexandre Rodrigues apenas para
fazer umas experiências de ouro e visitar uns parentes na Ibituruna.
Assim foi. Madrugada escura, a tropa marchou a sudeste,
buscando a serra do Estanho e o Morro da Ibituruna. Quando
a tropa margeou a fralda sul da serra do Estanho, a madrugada
foi aos poucos branqueando, sem sol e com muita névoa e
cerração. Aos poucos foi aparecendo entre as nuvens o topo
do lendário morro da Ibituruna e a tropa sentiu os pés molhados
nas nascentes do córrego de mesmo nome, chegando logo
ao povoado, sito na encosta de um vale também de mesmo
nome, habitado por uns carijós e muitos pardos de São Paulo.
Teve batuque e muita festa a noite inteira.
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