QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
O poder de fogo dos atacantes era enorme; as armas utilizadas
foram as espingardas, reiúnas, pistolas e lazarinas, todas
com fogo a sílex, ou seja, ignição lateral a partir do cão
onde tinha a pedra de fogo e do fuzil de aço para o choque e
produção de faísca. Usaram, ainda, granadas (!) contra os negros.
Os atacantes dispunham também de muitos cavalos, o
que desequilibraria a batalha em campo aberto. Além disto, os
atacantes tiveram as roupas protegidas por rodelas (escamas)
de couro cru, como se conclui da referida lista.
Armas e Defesas Utilizadas pelos Calhambolas
Os quilombolas sempre conseguiram comprar facilmente
armas e abundante munição. Martinho de Mendonça
disse em 1737: “... para que os calhambolas ou negros fugitivos
não possam usar de armas de fogo, seria muito conveniente
que a pólvora se estancasse 1399 e não vendesse em qualquer
venda, e só com escrito jurado de pessoa conhecida; porém
a ambição de qualquer pessoa a cujo cargo estivesse
vender a pólvora, faria inútil este remédio; menos inconveniente
seria em se proibirem as vendas (...) de (...) povoado e só
se permitissem no interior dos arraiais porque não estão, ou
fora de povoado ou nas entradas dos arraiais ou por medo ou
por interesse e acham os calhambolas aguardente, farinha e o
mais que querem comprar” 1400 . Como se sabe, isto nunca surtiu
qualquer efeito.
Nesta guerra quilombola de 1746, no entanto, o maior
volume de armas se compunha de lanças e flechas, pois conforme
documentou e registrou o prof. Waldemar de Almeida
Barbosa:
“Em comunicação a Sua Majestade, Gomes Freire de
Andrada dá notícia da expedição, manifestando sua confian-
1398 Negros e Quilombos em Minas Gerais, p. 37, citando Doctos. Avulsos APM e SCAPM 84, p. 109.
1399 Se desse em monopólio exclusivo a determinadas pessoas particulares.
1400 Verbete nº. 13908 do IMAR/MG, Cx. 33, Doc. 01do AHU.
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