QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

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QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
em livres de pagarem a capitação enquanto se empregarem
neste exercício, pois qualquer dono de fábrica concorrerá
com um ao menos para este ministério; (...)” 2274 . Grifos, nossos.
Ora, um legislador só tenta regulamentar ou coibir um
fato se este for real, crescente e estiver descontrolado na sociedade
a que dirige a lei. Documentos do Códice Costa Matoso
comprovam o esvaziamento das Minas. Ou seja, no contexto
da capitação, saindo os brancos pobres e pretos forros com
sua escravaria para fora das vilas e não tendo sucesso em sua
busca de ouro, ficavam inadimplentes com o fisco e, portanto,
proscritos e foragidos, improdutivos para a capitação.
Portanto, o contexto do quilombismo no sistema tributário
da capitação não é o mesmo do quilombismo no sistema
tributário das casas de fundição.
O contexto do quilombismo de 1758-1760 deve levar
em conta: a) a situação daqueles proscritos da capitação que,
por diversas razões, não tiveram mais como voltar para as vilas;
b) o abocanhamento das fronteiras do atual Sudoeste Mineiro
e a resistência paulista; c) o fomento à fuga de escravos
para o Campo Grande, onde o quilombola ganhara status de
herói.
A capitação servira para erigir os quilombolas à categoria
de heróis perante os que continuavam escravos: “Senhor,
é de saber, diz todo negro que se costuma a fugir e ainda
os que ficam, “fugir”, dizem eles, “fugir é bom”, porque
se os matam lá no mato, dizem, “moré moré, morreu acabou
o cativeiro e foi descansar na sua terra” 2275.
Aires da Mata Machado Filho coletou junto à comunidade
negra de São João da Chapada música e letra que, neste
sentido, impressionam e emocionam a quem se deter com sentimento
ao seu significado:
2274 Verbete nº. 3690 do IMAR/MG, 20 de setembro de 1745, Cx. 45, Doc. 84, do AHU.
2275 Papel acerca do estabelecimento de uma espécie de seguro obrigatório contra fuga de escravos, in Códice
Costa Matoso, v.1, p. 532.