13.04.2013 Views

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

266<br />

<strong>QUILOMBO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CAMPO</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO<br />

jamais. Era preciso encontrar o ouro, achar o diamante. Assim,<br />

era preciso, efetivamente, incentivar o negro com prêmios;<br />

neste sentido, o prêmio maior era a liberdade. Ou seja, a<br />

possibilidade do negro se tornar livre nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> era<br />

infinitamente maior do que no engenho. O hábito de se libertar<br />

o negro que achasse um grande veio de ouro ou um grande<br />

diamante foi costume que, efetivamente, se consagrou de fato<br />

e de direito.<br />

Cunha Matos cita a lei de 24 de dezembro de 1734:<br />

“estabelecendo que os diamantes de peso de 20 ou mais quilates,<br />

que se extraíssem depois da publicação da mesma lei,<br />

pertencessem à Fazenda Pública. E que, sendo achado por<br />

escravos, lhes dêem o gozo da liberdade, e a seus senhores se<br />

paguem as quantias de 400$000 equivalentes dos mesmos escravos”<br />

709 .<br />

O escravo tinha o domingo livre para trabalhar para si<br />

e, além disto, “roubava” a seu dono boas quantias de ouro em<br />

pó. Tanto que a figura da quartação (compra da liberdade, pelo<br />

próprio escravo, em quatro pagamentos), praticamente só é<br />

mais conhecida a partir das <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> do século XVIII.<br />

Inúmeros são os documentos que comprovam o enorme volume<br />

de alforrias nas <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, em contrapartida à quase<br />

impossibilidade de um escravo alforriar-se no engenho.<br />

Como se verá, o próprio quadro populacional de <strong>Minas</strong>,<br />

além do fenômeno da urbanização, comprova este fato: a<br />

população “livre”, na verdade, chegou a ser composta de mais<br />

de 60% de pretos (negros e pardos) livres e forros.<br />

A Grande Miscigenação<br />

Esta é outra grande diferença do negro mineiro em relação<br />

ao negro do engenho. Os senhores de engenho, que eram<br />

nobres ou assim considerados, vieram para o Brasil com a<br />

709 Corografia Histórica da Província de <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>-1837, v.l, p.355.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!