QUILOMBO DO CAMPO GRANDE - Quilombo Minas Gerais

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE
HISTÓRIA DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO
Discutia-se, ainda, sobre o povo que seria adequado.
Italianos! Afinal, a solução. A província paulista começou a
receber em massa os novos imigrantes, além de portugueses
canarinos e açorianos.
O interior de São Paulo, mormente o rumo oeste a partir
do Sul de Minas Gerais, era então povoado por migrantes
mineiros. Esse povoamento se fizera a partir da sufocada tentativa
da Revolução Liberal de 1842. Temerosos de repressão
política, muitos mineiros - curiosamente seguindo o mesmo
vetor da expansão quilombola do século XVIII - iniciaram a
sua Caminhada para o Oeste. Neste caminho, até as regiões de
Bauru, Ourinhos, Marília, entre outras, são encontradas marcas
dessa marcha; algumas bem expressivas, a exemplo de
“Mineiros do Oeste” ou “Mineiros do Tietê”. Era o refluxo
populacional 2588 .
Pois bem, os quatrocentões paulistas grilaram as terras
que, havia muito, estavam na posse dos caboclos mineiros e
descendentes destes e, expulsando-os, receberam indevidos
reembolsos do Estado para entregar essas terras aos novos imigrantes.
Leone Ferreira da Silva, historiador paulista, revela
em seus romances históricos, entre os quais se destaca Os
Grilos 2589 , como os caboclos foram roubados e expulsos de
suas terras que passaram a pertencer aos imigrantes, principalmente
italianos.
Essa horda de novas gentes preferiu São Paulo, o Sul e
o litoral de nosso País. Para as Minas Gerais, por ser um Estado
mediterrâneo, poucos imigrantes quiseram ir; porém, outro
motivo havia: dada a miscigenação mineira ser maior em relação
aos negros, os imigrantes, na hora de escolherem para onde
queriam ir, eram sempre alertados sobre os “traiçoeiros
mulatos das Minas Gerais, gentes intratáveis e vingativas”. É
daí que advém o folclore de se atribuir ao mineiro ser alguém
2588 Oeste Paulista, Alba Editora, 1943, A Tavares de Almeida, p. 19-25.
2589 Os Grilos, de Leone Ferreira da Silva, Editor Orazil Marques, Assis-SP.
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